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sábado, 30 de junho de 2018

Boa Noite meus corações, desculpe a demora, mas como diz o ditado um bom filho a casa retorna, e retornei com capítulos incríveis de Kassandra no + 18 aproveitem, amanhã tem mais.
Obrigada por aguardarem.
Ghaya

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

sexta-feira, 14 de julho de 2017

Bom dia a todos, devido alguns problemas, a atualização das histórias ocorreram somente agora, pedimos desculpas aos nossos leitores.
Com carinho Gaya

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Gente, por gentileza, estou fazendo um trabalho, e preciso que respondam e compartilhem o seguinte questionário:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfcRlKtoHojRricihRy3WL0isWj2oZyh3TORM8q1pf2HCddpw/viewform?usp=sf_link

Agradeço desde já, obrigada! <3


terça-feira, 6 de junho de 2017

ATENÇÃO

Todos os exemplares de "As Crônicas do Dragão" foram retirados do ar pela nossa equipe pelo motivo de plágio de alguns autores.
Nos desculpamos com os leitores...
Por enquanto, acompanhem os outros exemplares e/ou aguardem nossa possível re-postagem destes em breve...
atenciosamente a equipe U.L.A

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

 Domingo e segunda prometem, e além do novo capítulo de BW, teremos o Indicação da Semana também no domingo!
Curtam nossa page, e participem do grupo 

sábado, 10 de dezembro de 2016

Agora sim, problema resolvido em BW, capítulo novo lançado, sem reset, sem mais problemas, aproveitem <3

Problemas

Ocorreram problemas só vistos agora na postagem de B.W, desculpem, digamos que a história resetou.

Olá gente, sou eu, Dêh, lembram que eu disse na page que iria voltar pra cá? Bom, cá estou eu, e vim com uma novidade, agora a cada semana postarei uma indicação de livro, chama - se Indicação Da Semana. Hoje começarei com um, ou melhor dois livros bem interessantes para quem gosta de suspense, terror e mistério (porque Eu sou dessas haha) Mas vamos lá

O primeiro, é O Iluminado de Stephen King


Sim, tem o filme também, bom, o filme também é legal, porém não assusta, é tipo aqueles filmes clássicos antigos.



i
Agora sim

Bom, o livro começa com Jack Torrance recebendo uma proposta de emprego para ser tipo um caseiro de férias de um hotel gigantesco chamado overlook. OK ate aí tudo bem, mas acontece que esse Jack ele tem um histórico meio... Complicado, digamos assim. Pra acelerar o processo da minha resenha. A família Torrance vai pro overlook e é lá com o decorrer do tempo começam a acontecer certos eventos meio... Fora do comum. Ah, esqueci de mencionar que Danny (o filho do casal Wendy e Jack) tem um amigo imaginário chamado Tony, que também participa de Tais eventos
Aí acontecem altas tretas lá, descobrem umas histórias bem das loucas sobre o passado do hotel e tudo vai ficando mais interessante a cada capítulo. Há um quarto misterioso que circula uma história sobre uma mulher, e Danny, como uma clássica criança curiosa vai lá, fuxica o quarto e... Eu vou parar de falar.
Não podemos esquecer do ilustre cozinheiro Dick Harlorran, que se torna muito amigo de Danny e o faz compreender certas coisas que eu não tirei se não acaba com a graça. O livro é muito bom, super indico, se você for muito medroso, ele garante alguns sustos haha.

A segunda indicação é a continuação de o Iluminado, Doutor Sono.

Esse é o bicho mesmo viu senhoras e senhores.

Passado todo o acontecido das tretas do overlook, Danny passa a viver com a mãe, com certos traumas, não perde contato com Dick, e eles continuam conversando de forma especial, com o passar dos anos, Danny cresce, e se torna um alcoólatra, fumante, desempregado pulando de bar em bar (sabemos que é foda) então como Danny tem certos dons, ele se conun com os espíritos de sua mãe e Dick, certo dia depois de encher a cara, Danny diz pra si mesmo que não quer mais aquela vida e vai recomeçar em outra cidade. Aí ele se muda, arruma emprego em um asilo onde cuida dos idosos.
Em New Hampshire, nasce uma garotinha chamada Abra, que bom... Também é possudora de dons, no decorrer da história Abra vai se desenvolvendo melhor e, num momento aí que não direi ela é Danny se encontram 
Ahh não posso me esquecer de uma espécie de clã chamado "O verdadeiro nó" que se alimentam de essências de pessoas iluminadas, tendo como líder uma mulher morena e estonteante camada Rose.
Ai acontecem várias outras tetas, casos vão surgindo e a história fica surpreendente é cada vez mais interessante, capaz de te prender por horas.





Gostou? então vá de triciclo ate a livraria mais próxima de você e se delicie 😂 aah e por último mas não menos importante, curta nossa página no Facebook e entre no nosso grupo!!!

Pagina: https://www.facebook.com/anonimosEanonimas/



quarta-feira, 9 de novembro de 2016

   Olá gente, passei pra avisar que retornaremos daqui a quatro semanas com a continuação da história de nossos personagens, agradeço desde de já a todos pela longa espera, estou muito ansiosa por passar a vcs a prévia na próximo segunda feira em ultima hora.
Grande abraço e muitos beijos no coração
GHAIA

sábado, 24 de setembro de 2016

OI GENTE, DAREI UM TEMPINHO DEVIDO AO RETORNO DAS PROVAS DE 4° BIMESTRE, AGRADEÇO POR CONTINUAREM COM A GENTE, ATÉ BREVE , TEREMOS MUITO MAIS.

ABRAÇOS

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

domingo, 14 de agosto de 2016

Boa noite gente, uma nova historia pra Kylle, vamos seguir o desenrolar desse romance.
Será que teremos um triangulo amoroso? 
Só lendo pra saber.

Não se esqueçam em breve continuação de Kassandra no + 18

Abraços

Kylle - Um novo começo (Livro 2)















                                      KYLLE  
                         UM NOVO COMEÇO

      O tempo é implacável e mais uma vez aqui estou sentada do lado de fora  do apartamento para estudantes, é , minha amiga de quarto todas as sextas me deixa uma mensagem na porta “NÃO ENTRE “ então entendo, está rolando alguma coisa entre ela e o Pit, seu namorado, pois é estou na faculdade, estou no Arizona, porque escolhi aqui, acho que pelo fato de ser tudo muito diferente de lugares onde vivi, o povo é alegre, me divirto muito, mas é claro que tem o lado chato, como paqueras e tudo mais, acreditem mesmo estando envolvida com tantas coisas diferentes e garotos de tirar o fôlego, penso nele,  acho que nunca esquecerei, embora nunca tive a certeza de que ao menos existia ou era fruto de minha imaginação perturbada, nunca mais tive aqueles sonhos, fantasmas, aprendi a conviver, vira e mexe alguém sempre está na espreita , mas não me metem mais medo, é só não ligar muito e eles desaparecem, prefiro ser assim louca, desvairada, perturbada mas viva e intensa.
- Oi gata!
- Olá Davi, o que faz aqui perto do dormitório feminino?
- Estava passando e te vi, parece que a Luluzinha vai amanhecer de boa.
- É parece...
- Então, vamos dar uma volta? Ou prefere ficar ai sentada , esperando eles terminarem a safadeza?
- É talvez eu aceite. Falou Bethe  estendendo as mãos, e completou: Pra onde pretende me levar?
- Segredo...
Diante do olhar desconfiado da amiga , Davi riu escandalosamente voltou a dizer:
- Minha querida. Falava todo cheio de trejeitos o qual fez Bhete rir. –  você não faz meu tipo, a propósito, sei de um lugar onde vendem um drinks maravilhosos e os Bar mens; respirou profundamente e soltou a voz ofegante: - São de tirar o folego. Se abanou e riu de si mesmo, aceitando a mão da amiga e saindo abraçada a mesma, desaparecendo na penumbra.
Davi era um rapaz de porte atlético, pouco mais velho que Bethe, isso lhe dava vantagens sobre os homofóbicos de plantão que não ousavam insultá-lo, praticava esportes e era o melhor jogador de baiseball da faculdade, tinha ótimas notas, queria seguir a carreira de jornalismo, achava o máximo escrever e observar as pessoas e suas fatídicas vidas, principalmente aquelas que se achavam tão auto suficientes e na verdade não passavam de vasos cheios de estrume ou vazios, salvos para  ele , apenas algumas exceções.
Bethe o conheceu em um encontro pra jovens organizado pela faculdade, foi algo retro e peculiar, ela só ouvira isso na igreja lá na cidadezinha pequena de onde veio, essa história era intediante, eram universitários e gostavam de curtir e estudar, mas mais curtir é claro, como todos os seus encontros são surpreendentes, não aconteceu fora do contexto, Davi já a estava observando a algumas horas, ela era diferente e parecia ter percebido o olhar do rapaz sobre ela isso a incomodava, mas deixava Davi extremamente eufórico com a situação, já no seu limite Bethe o interceptou bruscamente:
- Tire seus olhos marrentos de mim, está me perturbando.
- NOSSA!!!!! O frízer tem nome?
- O que!? Seu...
- Você parece um frízer, sabia? Ou melhor , parece um espantalho parado frente a porta, cuidado com faísca e fumaça.
- AH...
- Voce é desplugada heim garota? Qual a sua graça, mi lady?
- Não enche, esquisito.
- Magoou.
- Desculpe, mas não me encare mais.
- Então não desapareça!!! Gritou do outro lado do salão, pois Bethe já havia o deixado falando sozinho.

Na semana seguinte, quando subia os degrais correndo para tentar pegar ainda a primeira aula, eis que surge a sua frente o estranho rapaz:
- Olá, Mi lady Frizer ou devo dizer Espantalho.
- Estou com pressa, da licença.
- Claro. Falou saindo dando espaço para que ela passasse.
Na sala de aula o professor começava apresentação dos alunos, qual foi a surpresa quando o mal encarado entrava pela a mesma porta ao qual ela acabara de entrar e ainda dera-lhe uma leve piscadinha com o olho esquerdo, é realmente aquele dia iria prometer. Pensou suspirando vendo o sorriso largo do outro.
Após tantas maluquices de Davi Simon, Bethe entendeu ele era uma ótima pessoa ,muito humana,  seria uma amizade plena de  diversões,  historias distorcidas, era uma ótima combinação, a partir de então agiam como apaixonados onde a maioria das pessoas começavam a acreditar, era interessante.


                                             *************


      Uma musica tocava no radio de cabeceira, Kylle se aprontava pra mais um dia de trabalho, se dedicara a auxiliar no asilo da cidade, era muito bem vindo e adorado por todos os seus internos, tinha até descolado uma namorada de 82 anos Dna. Clara, que afirmava ser ele o seu Don Ruan, as festas eram animadas, as jovens enfermeiras suspiravam quando este brindava o espaço com suas românticas musicas interpretadas e sempre quando tocava e cantava I Won’t give up ,oferecia a garota dos seus sonhos, pois o fazia lembrar desses momentos.
   Killy havia mudado, agora andava com uma bengala, o que o deixava um tanto charmoso, estava mais másculo e moreno, seus olhos se destacavam em um brilho sem fim, despertava sempre com sorriso radiante, terminara o seus estudos atrasados em casa com uma professora particular, ganhava o suficiente no Asilo ao qual trabalhava como auxiliar cuidando dos belos jardins que cercavam todo o local, era um trabalho humilde mas era prazeroso aos seus olhos, três vezes na semana ia pra capital, fazer seu curso de enfermagem, admirava aqueles seres que eram tão humanos com os outros e isso era fascinante, devido suas condições físicas, entendia que talvez não seria um grande enfermeiro, mas ficaria satisfeito com o que viria.
Dolores voltou a sua rotina na casa de Silvia, o dialogo rodeavam entre Bethe e se divagavam em seu neto.
- Gostaria de conhece-lo, Kylle me parece um cavalheiro a moda antiga.
- É exatamente o que falo pra ele, acho que deveria se misturar mais com gente de sua idade, sabe. Retrucava Dolores enquanto arrumava a louça.
- Não Se preocupe Dolores, as vezes é melhor assim, vejo muitos casos de jovens como os nossos se perdendo por aí.
- Talvez tenha razão. E Bethe como está?
- Bom recebi uma carta dela, imagine com tanta tecnologia, ela ainda gosta de escrever cartas.
- Vejo muita semelhança...
-Como?
- Estava dizendo ,que vejo muita semelhança entre meu neto e Bethe. Após dizer riu.
- Verdade, imagine só, esse dois juntos, seria muito interessante.
- Seria entediante, isso sim. Riram
- Bom como eu estava dizendo, ela está bem, curtindo muito, me enviou uma foto dela e de um rapaz o nome dele é Davi, veja só.
- Hummm, bonitão, estão namorando?
- Não, ele , como posso te dizer, é diferente.
- Oh sim, entendi.
   O entardecer na praça parecia um belo convite, Kylle sentou-se em seu lugar predileto, um banco frente a fonte que já se encontrava iluminada e deliciava um sorvete de pistache o seu predileto, sorria pra lua que começava a iluminar no céu, ao seu lado uma figura e acostava em seu ombro imperceptível ao seus sentidos era Lola, que a todo tempo lhe acompanhava, treinou um beijo na face do irmão ao qual este sentiu um leve frescor , se levantou começou a caminhar em direção ao casarão que não se encontrava longe, ao abrir a porta se pronunciou:
- Tio, cheguei.
- Kylle, tudo bem?
- Estou ótimo, mas com muita fome. Estava indo em direção a cozinha quando ouviu vozes, olhou para trás e fez um sinal leve sinal com a cabeça ao tio, mas surpreendido pela a avó que o abraçou e lhe acariciou os cabelos.
- Meu filho, que bom que chegou, temos companhia para o jantar.
- Sério, a quem devemos a honra? Falou gentilmente o rapaz.
- Bom, Kylle esta é Silvia, Silvia este é Kylle.
- Oh!!!, Falava Silvia dando a mão ao rapaz para cumprimenta-lo. Finalmente conheço o famoso Kylle.
- Famoso? Eu? Nossa!
- Sua avó não para de falar em você, parece até que já o conheço a tempos.
- Minha avó e incrível, faz qualquer um parecer um deus aos olhos do outros. Riu , um sorriso encantador que estremeceu o coração de Silvia, realmente ele tinha algo especial que conseguia fascinar.
            O jantar corria muito bem, todos se divertiam com as histórias contadas por Santos,  vezes outra Silvia olhava para o jovem que não disfarçava que já havia percebido, Santos também observava-os, somente Dolores que encantada com o momento se via perdida em risos.
- Toque pra nós filhos. Pediu a avó e continuou se dirigindo a amiga. Ele é fantástico você verá, nada do que falo é mentira.
- Acho que começo a creditar em você, então vamos ouvi-lo. Falou Silvia sentando-se em uma poltrona de frente ao jovem.
             já passavam das 21:00hrs , quando finalmente o sarau  se eu por terminado, Santos se ofereceu para  levar a convidada até a sua casa, já que ambas haviam vindo no carro de Dolores, após se despedirem Kylle subiu para o quarto se despiu para o banho , longo e morno, a perna direita ainda o incomodava e sabia que ocorreria com frequência, colocou o pijama ficando sem camisa se deitou, ficando perdido em seus pensamentos, Silvia lembrava a alguém, de certa forma ela também chamara sua atenção, era uma mulher muito bonita ,isso não dava pra negar.



                                             *************************


    -O jardim realmente está belíssimo. Disse Santos surpreendendo o sobrinho que já se encontrava trabalhando.
     - Bom dia Tio, o que está fazendo aqui?
     - Bom, irei pra capital após o almoço, quer me acompanhar?
     - E a vó?
     - Dolores, está toda ocupada, cuidando de algumas coisas pra Dra. Silvia, me parece que ela irá pro Arizona, ver a filha.
    - Filha!? Aquela mulher nem parece ter filhos. Falava Kylle terminando de colocar adubo em uma roseira. - Bom. Continuou; - Vou fazer a limpeza do jardim e ver se precisam de mim pra mais alguma coisa, estarei em casa até as 11:30. Terminava de falar se afastando indo na direção oposta ao do Tio.
   A garotinha pulava rindo entre as roseiras ao qual Kylle acabara de ajeitar, santos presenciava a cena com admiração e achava graça da atitude de Lola, ficou por um tempo sorrindo pro nada, até ser surpreendido por alguém atrás de si.
   - Sr. Santos!? Parava a jovem mulher, recebendo um comprimento do mesmo.
   - Oh, que bom vê-la novamente Dra., como tem passado?
  - Bem, obrigada. Um pequeno silencio ocorreu entre ambos, até Silvia começar a falar e se afastar educadamente. – Nossa! As horas passam rápido mesmo, vou pegar alguns documentos na administração, não demorarei, o Senhor quer uma carona?
   - Agradeço, mas não é necessário, gosto de andar, recomendações médicas... riu.
   - Claro. Estão tenha um bom dia. Falou estendendo a mão direita para o mesmo e se virando em direção a escadaria, desaparecendo pelo enorme saguão de entrada.
  A menina havia parado observando o diálogo de ambos, era estranho pra ela, após a despedida de Silvia, Santos se virou e olhou-a questionando mentalmente o que estava fazendo ali, ela em um pequeno gesto virou-se em direção ao lado onde se encontrava o irmão e respondeu: - Ele ainda não despertou, está perdido.
   - Como assim? Insistiu Santos se dirigindo a Lola.
   - Não se preocupe Tio Santos, vou cuidar dele. Em seguida saiu saltitando e pulando pelo gramado se aproximando do irmão, e acenando ao tio de longe.
   Não resistindo se aproximou do irmão e sussurrou em seu ouvido:
   - Colha rosas.
 O que em um gesto automático o fez , virou-se em direção ao pátio onde se encontravam os pacientes tomando sol, entre outros que se deliciavam com um café regado a frutas ,chá de laranja e alguns pãezinhos de batata servidos ao gosto de cada um,  seus olhos procuravam pela  amiga   Da. Clara, avistou-a sentada ao lado de uma velha amoreira, ajoelhou-se a sua frente ,beijou-lhes as mãos envelhecidas e ofereceu-lhe uma rosa com um sorriso e um bom dia irradiante, a velha senhora se encantava com cada gesto amigo do jovem e com muita alegria pegava a rosa oferecida e a levava as narinas para sentir o seu delicioso perfume, pra depois agradecê-lo :
   - Obrigada meu querido, confesso que não esperava tal recepção.
   - Estava arrumando as flores do jardim, e resolvi trazer uma destas pra senhora.
   - E é belíssima, muito obrigada... fez um pequeno silencio antes de recomeçar a falar.    – Sente –se aqui perto dessa velha, meu querido.
   Kylle sentou-se um pouco afastado pois suas roupas estavam sujas devido ao trabalho de jardinagem, Da. Clara com sorriso doce alcançou as mãos do jovem colocando-a entre a suas e começou a falar:
  - Meu jovem, o que o faz ficar perdido entre nós?
  - Gosto daqui, tem muita paz e também... Seu olhar se perdeu no céu azul e límpido da manhã.
  - Também já fui jovem como você. Falou a velha Senhora chamando-lhe a tenção para si. – Não precisa me contar sua história meu filho, posso ver em seus olhos a solidão de sua alma, essa velha já viveu muito e não viveu nada, a juventude e como esse jardim, como as roseira que você cuida, tem espinhos mas mesmo assim não deixa de ser bela e perfumada, daria tudo pra voltar a ser o que fui, mas quando vejo você, sempre me pergunto; quem é o velho?
  Kylle escutava atentamente, ela fazia pausas devido ao cansaço da idade. – Meu menino, me prometa que encontrará uma bela jovem e se enamorará dela, ficarei com ciúmes é bem verdade, talvez não me traga mais as belas rosas do jardim e prefira presenteá-la, mas ficarei feliz se estiver feliz.
  Quando terminou de falar, kylle levou as pequeninas mãos de sua querida amiga aos lábios depositando ali um beijo carinhoso, sorrindo para a mesma que retribuiu, após, o jovem se levantou e saiu andando pensativo, em suas mãos a segunda rosa colhida com a destreza de um jardineiro.
  Silvia, observava pela janela e avistou o jovem ao lado daquela senhora simpática, observou – o se distanciar ,  ele parecia um homem, mas era um garoto, olhou para o chão decepcionada com sigo mesma, teu coração a estava traindo, a tanto tempo sozinha, de tantos homens de sua idade e profissão que a cercavam, a convidavam para um encontro, ela se via balançada por um garoto doze anos mais jovem, praticamente da idade de sua filha, sorriu descontente, foi desperta pela secretária que lhe chamava a atenção e lhe trazia os arquivos aos quais havia pedido, no corredor podia se ouvir o barulho de seus salto agulha, eles espaçavam com elegância assim como a bela silhueta da mulher, descia os degraus com mestria de uma equilibrista, mas uma pequena torção quase a levou ao chão se não fosse ágeis braços do jovem a pouco cobiçado, seu coração já acelerado pelo susto, sentia seus braços em volta ao pescoço do rapaz o calor do seu corpo enquanto os braços do mesmo abraçavam sua cintura, a rosa havia ido ao chão no impulso de salva-la da queda, levaram alguns segundos para se recompor, mas parecia uma eternidade, Silvia se desvencilhou dos braços do rapaz , era estranho sentia seu rosto queimar, como o de uma adolescente, enquanto o jovem em atitude de homem a observava com os papeis em mãos já entregando-os a ela.
   - Está tudo bem. Ouviu-o dizer.
   - Meu Deus, que vergonha, me desculpe.
   -Não tem que se envergonhar, essas coisas acontecem.
  -É! Obrigada, Deu uma pausa devido ao acanhamento, e continuou. Tenho que ir. Passou pelo rapaz como um vento sem olhar pra trás, ao contrário desse que não se conteve e observou a mesma até quando entrou no carro e este se distanciou.
   Após o almoço, santos e Kylle seguiram para a capital o sol já estava forte, a estrada a antiga tragédia era vencida mais uma vez, Kylle olhava a janela, tentando encontrar uma lembrança daquele dia, mas sua mente se encontrava distanciada da verdade, não se lembrava do acidente com a família, mesmo que tentasse, tinha alguns pesadelos, perdia o sono após eles, mas tudo era um emaranhado confuso de imagens foscas que se misturavam como outras mais recentes de quando estava em coma.
  - Me desculpe não ter outro desvio. Falou Santos.
  - Está tudo bem.
   Silvia já havia arrumado as malas, trancado a casa, estava ansiosa para ver a filha que já se encontrava longe a um ano, o avião partiria às 16:00, chegaria provavelmente no manhã seguinte no seu destino.

                                                         ******************



Kylle ficara a observar o local onde o nome de seus familiares estavam adornados em tom dourado, abaixou e depositou ali as flores que trouxera, o silencio daquele lugar trazia um ar melancólico e misterioso, a morte seria uma passagem? Ou uma outra existência? Por algumas vezes discutira com sigo mesmo este pensamento, caminhou até o santuário sentou-se no banco de madeira e observou por alguns minutos a imagem de Cristo crucificado, indo em seguida ascender velas as almas queridas como era de costume, o tio ainda orava ajoelhado no altar, com sua aparência calma e de sulcos profundos na face, era um pessoa de grande conhecimento, se sentia grato por tê-lo ao seu lado.
Após pacientemente aguardar o tio, partiram para o hotel ao qual ficariam naquele dia, a verdade era que Kylle resolvera se mudar para a capital, arrumaria um serviço , embora houvesse herdado os negócios da família que até então era ministrado pelo tio, queria começar de baixo, pois sentia ter muito o que aprender , começar já como um gerente, estaria desclassificando outros melhores e mais instruídos que ele, e Kylle não era desse tipo de pessoa, sempre procurara se lembrar do que seu pai falava enquanto estavam juntos “-coisas fáceis, vão fáceis”; frase  reforçada pelo tio e avó.
A agua morna caíra ao corpo, parecia massageá-lo, seria a primeira vez depois do dia fatídico que retornaria ás empresas da família, com certeza estariam lá, antigos funcionários que o conheciam, estava tenso, não queria que as pessoas o vicem como um inválido devido a deficiência que adquirira com o acidente e muito menos com pena por ter perdido sua família.
O carro finalmente parara frente à entrada da construtora, Santos esperava do lado de fora, a pintura da fachada havia mudado assim como a estrutura do lugar estava maior do que a última vez, com certeza o tio era um ótimo administrador, seu pai tinha razão, pensou ao levantar o olhar e admirar a bela estrutura, ao entrar se deparou com a recepcionista que o tratou como Senhor Kylle, e isso o deixou um pouco constrangido, mas conforme caminhava se lembrando da bela moça que o atendeu e o jeito que se dirigiu a ele teve vontade rir, se ela soubesse que ele preferiu trabalhar em uma simples área, de repente ouviu alguém o chamar era uma voz conhecida mas adormecida nos seus sentidos, um rapaz pouco mais velhos que ele agora parava a sua frente e o observava enquanto continuava: - Cara você voltou? Que legal, meu, toca aqui irmão. E logo foi dando-lhe a mão em comprimento, Kylle não o reconheceu de imediato, mas sua memória não pregara um peça, aos poucos em pequenos fragmentos este se lembrava do amigo que não saia de sua casa, Rafael, recebendo a mão do amigo e um abraço com tapinhas nas costas, agora eram homens e era visível a alegria de ambos pelo reencontro.
Já passavam do 12:00 quando finalmente terminara de conhecer todos os locais de trabalho e seus respectivos setores, ele ficaria no almoxarifado, era um lugar tranquilo sem muito contato com o mudo exterior e ele preferia assim para evitar perguntas desnecessárias as quais não saberia responder.

                                                       *****************

Passava das 10:00 da manhã, uma jovem com uma bandeirinha vermelha acenava em direção a outra mais velha, mas não menos bela, entre gritinhos abraços e saltos Silvia e Bete se reencontravam após um ano, tinham muitas coisas para conversarem e pôr em dia assuntos corriqueiros, seguiram par um almoço ente mãe e filha, enquanto faziam o desjejum, Bete contava as novidades da Universidade de seus amigos que não eram muitos e que estava gostando muito do curso ao qual escolhera, Silvia escutava a filha sempre atenta a suas palavras, ela parecia diferente, talvez mais madura, “os filhos não nos pertence” palavras dita por Dolores sua confidente, quando a filha resolveu sair de casa.
- Seu pai já veio vê-la? Perguntou Silvia enquanto tomava um suco de frutas
- O pai? Sim, ele e Andrea, imagine queria ver o meu dormitório.
- É bem a cara dele. Falava enquanto ria. É bom saber que ele está de olho.
- Mãe!
- Minha querida, desse assunto eu entendo muito bem.
- E você mãe? Conheceu alguém?
-Não tenho temo pra isso, se bem que...
- O quê? Me conta.
- Conheci uma pessoa, quero dizer, mais ou menos, não sei.
- Não sabe, como?
- Ele é jovem.
-E daí? Vocês estão juntos?
- Não, não, apenas nos encontramos em algumas situações, nada mais.
- Vai em frente mãe, você merece. Falava Bete eufórica.
-Como eu te disse, ele é muito jovem, e não sei se isso é reciproco.
- Então trate de descobrir, mas quero ser a primeira a saber, se rolar alguma coisa.
-Elizabeth, isso lá são palavras que deva falar pra sua mãe?
- Silvia, eu lá sou uma criancinha? Acha que não sei o que acontece comum homem e uma mulher? Acorda!!!!!!
- Hei quando foi que você virou uma depravada? Onde está minha filha?
- Só estou dizendo que te apoio.
- Eu sei filha, obrigada.
 O diálogo continuou durante todo o almoço, conversaram sobre muitas coisas, Bete iria ficar no hotel com a mãe seria um final semana maravilhoso

Era difícil viver com a metade de sua vida apagada, era assim que Kylle se sentia, só no mundo, se pegava analisando, - como seria sua vida se sua família ainda estivesse junta dele, retornar de uma situação tão prolongada era como se tudo tivesse acontecido a poucos dias, mas já se ia cinco longos  anos. – Dormi adolescente e acordei um homem – pensava enquanto fazia a barba frente ao espelho. A moça atrás do balcão da recepção, novamente o tratava de senhor, ele deu um leve sorriso respondeu ao cumprimento e passando por ela, enquanto observava uma outra curvada sobre o balcão, parou diante desta a abordando: - Você é Karoline não é?
- Sim Senhor. Respondeu de pronto a jovem ruiva de cabelos curtos.
- Poderia me ajudar com algumas coisas? Não estou muito familiarizado com os arquivos...
- Do almoxarifado não é? Já estou sabendo disso, Cara! De tantos lugares pra ficar, francamente, resolveu se afundar na poeira velha do prédio, que excêntrico!?
- Excêntrico? Perguntou Kylle, achando graça da palavra usada pela garota, enquanto via esta dar a volta no balcão e apertando o botão vermelho do elevador que os levariam ao 3° andar.
No longo corredor Kylle observava a jovem que seguia a sua frente, parecia conhecer todo mundo e em cada porta parava e cumprimentava a todos que lá estavam , todos respondiam com um sorriso enorme no rosto quando a viam, isso o deixava a vontade para puxar assunto, não que ele era tímido, mas muitas vezes as pessoas vinham com perguntas sobre coisas que ele não gostava de falar, talvez falar sobre o excentrismo ao qual ela havia comentado antes.
- Aqui estamos.
- É, aqui estamos. Concordou Kylle sentando-se atrás de uma mesa ao qual fora lhe resignado, retirou alguns papeis e um Notebook, colocando-os sobre a mesa, a ruiva o observava enquanto tomava um gole de agua no gargalho de uma garrafa transparente, viu-o levantar e caminhar sem a bengala, percebeu o leve mancar, imaginado na dificuldade que ele teria em subir a escada para pegar algumas caixas de arquivo, então era por isso que ele a chamou, deduziu, seguindo ao seu encontro.
Em um shopping no Arizona, Silvia se divertia com as histórias contadas pelo melhor amigo de sua filha, gargalhadas sonoras eram ouvidas enquanto pessoas curiosas observavam o trio que se perdia em conversas fúteis e pareciam não se importar com nada.
- Ela se destacou com facilidade Dona Silvia, parada frente a porta como um ases de paus. Davi não se continha em falar de como a amiga era esquisita aos seus olhos antes de se conhecerem, isso tirava risos de Silvia que ouvia atentamente os relatos.
-E você. Retrucou Beth. – Com aquela blusa de ceda dos tempos da brilhantina, nem queria chamar atenção, né?
- Que.ri.da, EU queria chamar atenção e chamei.  Riam enquanto tomavam a boa e velha cerveja. – E chamei, conquistei a melhor amiga que uma bicha pode ter, vo.cê, Elizabeth a vidente. Ao falar riu de si mesmo , enquanto Silvia  engasgava com um pedaço da porção que degustava.
-Como assim? Contou a Ele? Falou assustada e surpresa.
- Mãe, fica fria, não sou mais criança e sei o que acontece comigo, só consigo ver coisas que outras pessoas não podem ver, nunca precisei de um médico, apenas de orientação.
- Orientação? De que? Perguntou Silvia olhando espantada e ao mesmo tempo curiosa para ambos.
- Mamacita, deixe-me explicar. Foi Davi quem começou o diálogo. – Quando conheci Beth, logo vi que ela era diferente, não me importei muito afinal ela é quase uma caipira, mas quando nos tornamos íntimos.  Explicou fazendo aspas com os dedos. – Bete me contou o que acontecia a ela quando criança e até agora, enfim.
- E você a orientou? Como assim?
-Eu não, não conheço essas coisas do além, mas afastado da cidade em uma estradinha perdida, vive uma senhora de meia idade que é exatamente igual a ela, me lembrei pois algumas vezes passei por lá pra levar doces ou coisas de sua necessidade.
- Mãe, Davi faz trabalhos sociais, ele ajuda as pessoas.
-Sim, é verdade, conhecida Dona.  Lindalva assim.
- E, está tudo bem? Quero dizer...
-Aprendi a conviver mãe, isso não me assusta mais.
-Serio!? Você não tem mais crises de pânico.
- Nadinha. Respondeu agora Davi e continuou: - Agora vamos falar de vivos, esse assunto é chato pra cara..., quem topa um sorvete agora?
- HUUUUUUU, a eu quero, só se for aquele coletivo.
Silvia observava os dois jovens à mesa, como se davam bem e como de fato Davi cuidava de sua filha, era uma pena que ele não se interessava por mulheres, de repente se viu pensando em outro jovem, um que estava distante em todas as perspectivas.
A tarde já chegava o final do expediente era anunciado pelo relógio que não parava o tempo, a ruiva Lucila subia e descia escadas no auxílio ao seu novo companheiro de trabalho, o dia fora corrido porém uma amizade acabava de surgir ali, Kylle começava a entender o que sua amiga do axilo lhe falara, era realmente bom conversar com alguém de sua idade.
Lucila era divertida, aquelas sardas combinavam muito com sua pele branca, era faladeira e inquieta, de estatura mediana, era até divertido vê-la se esticar para pegar o que se encontrava mais alto, quando um cisco alcançou seus olhos, Kylle em um gesto simples e inocente de um educado jovem do interior começou a assopra-lo então ele pode ver o que se escondia por trás daquelas longas franjas um lindo par de olhos verdes, um verde tão profundo como as esmeraldas.
- Pensei que ia cair daqui, obrigada. Agradeceu se afastando e continuou: - Acho que já chega por hoje, meu caro, foi um prazer, até amanhã. Falou se afastando e fechando a porta da sala do almoxarifado.
   Olhando o relógio na parede, Kylle realmente constatou a veracidade das palavras da nova amiga, pegou seu casaco , suspirou, e ancorado na inseparável bengala caminhou pelo longo corredor, percebendo alguns que o observavam curiosos para ver onde o filho do falecido dono da empresa   chegaria.
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                       O fim de semana prolongado havia chego ao fim, ainda no aeroporto do Arizona mãe e filha se despediam, o mais emocionado era Davi pois dizia não gostar de despedidas, Bhete dava forças pra mãe encarar o novo sentimento dizendo não se importar se o cara era mais novo e seria interessante ter um padrasto quase da mesma idade que ela,  Silvia achava graça das ideias da filha, mas poderia ser verdade? Pensava, será que Kylle se interessaria por ela? E seu ex-marido, o que diria se tudo isso acontecesse? Balançou a cabeça , desnuviando os pensamentos enquanto embarcava em seu voo.
     A viajem fora tranquila, ao longe podia se ver a Capital com suas luzes reluzentes, ela estava exausta pelas oito horas de voo, desembarcou pegou o seu carro que havia deixado na garagem do aeroporto e partiu para um pequeno mais bem arrumado hotel, onde passaria a noite, tomou seu banho e as 21:30 descia para desjejuar, estava tão cansada e distraída que não percebeu esbarrar em alguém fazendo-o derrubar o que seria a refeição.
-Mil perdões Senhor, não foi minha intenção, estava distraída e. que coisa sou uma desastrada. Falava pegando as coisas do chão  envergonhada.
- Dona Silvia? Ao ouvir seu nome olhou para cima constatando quem seria, ficou alguns segundos olhando para o jovem, -Inacreditável, pensava nesse meio segundo. – Sou eu, Kylle, não se lembra de mim?
- Oh, claro que sim, o neto de Dolores. Falava se levantando e se recuperando da surpresa.
-Senhora. Falava agora o gerente, fique tranquila iremos servir o senhor novamente, queira se sentar e se servir também, nossos funcionários limparão a bagunça.
-Me desculpe, coloque em minha conta, faço questão.
-Não é necessário Senhora, fique tranquila e tenha um ótimo jantar. O gerente ao terminar se afastou, deixando-os a sós.
- Me acompanha Dona. Silvia? convidou Kylle gentilmente, ela sabia que ele era um cavalheiro, Dolores muito havia falado do neto, agora ela só constatava, ficou pouco apreensiva ao responder, mas por fim aceitou acompanhar o rapaz, - Que mal teria? Pensou, enquanto sentava tendo a cadeira gentilmente puxada.
  Conversaram sobre muitas coisas, Silvia ficava maravilhada pela maturidade que ele tão jovem já trazia, ao mesmo tempo que seu pensamento a traia se lembrando da filha dando-lhe força para um novo relacionamento, seu coração estava amedrontado, a muito não amara mais ninguém e até pouco tempo morria pelo ex-marido, mas agora com seus trinta e tantos anos se via atraída por um rapaz que poderia ser teu filho, ou até namorado da filha, pelo seu agouro pensou, o jovem também se hospedara no mesmo hotel, acabara de descobrir e ficaria ali por um tempo até encontrar um lugar pra ficar e pior a empresa que ele estava trabalhando tinha suas finanças ministrada por ela, era uma maldita coincidência. Kylle fez a gentileza de leva-la até a porta do elevador, talvez o vinho que tomaram juntos ou algo inexplicável fez Kylle a beijar e por se sentir atraída por ele, ela correspondeu, quando a porta do elevador finalmente se abriu, Silvia entrou ainda confusa esperando que esta se fechasse, enquanto kylle ainda estava parado no mesmo lugar a olhando partir.
Com a cabeça a mil, ela não acreditava no que havia acontecido, estava perdendo a noção, mas foi ele quem a havia tomado, não ela, estava apenas confuso, ela era uma mulher madura e ele um inexperiente rapaz, mas um belo homem crescia ali dentro ela pode perceber, no entanto não seria permissível algo assim, isso não deveria continuar; decidiu.
Ele também se via confuso, sem explicação, sentia-se atraído por Silvia desde o jantar na casa da avó, algo nela o atraia e não se tratava da beleza evidente da mulher, mas alguma coisa além que se perdera em um tempo onde sua alma adormecia.
A noite fora perturbadora para ambos, custava a passar, mas antes que o dia se anunciasse, Silvia fechara sua conta e retornara para casa, havia resolvido não enfrentar o desafio de ter que encontra-lo de novo, tinha que deixar tudo como estava, assim ficaria melhor e conseguiria olhar para sua amiga, apesar da amizade entenderia se Dolores rompesse com ela, afinal se tratava de seu neto, esse pensamento foi a atormentando até o seu destino, a amiga já estava se retirando, quando parou com o carro frente à  sua casa , foi cumprimentada com alegria e um forte abraço, Dolores a ajudou desfazer as malas e passara um café para ambas, conversaram alguns minutos até a mesma se retirar. Silvia não ia mais ver–lo isto já estava mais que decidido, ele moraria na capital então não o encontraria por lá, no fundo ela estava eufórica como uma adolescente que acabara de se apaixonar, mas racionalmente sabia que um relacionamento assim não duraria para sempre, enfiou a cabeça no trabalho somente assim encontraria a razão.
Na capital o mesmo acontecia com Kylle, inexplicavelmente Silvia havia partido, talvez para ele não tão inexplicável foi a atitude dela, mas ele queria se retratar, não que havia um arrependimento, mas sua atitude denotou um delírio momentâneo. - O que pensaria a avó se soubesse do ocorrido? Precisava conversar com alguém e só teria uma pessoa a quem recorrer seu tio Santos, ele o repreenderia com certeza.


Após uma semana do ocorrido, Kylle falara com o Tio, não houve repreensão, mas a palavras de santos ecoava em sua memória:
- Não existe impulso, você deve sentir algo por esta mulher...- Queria se retratar, mas talvez seu tio estava certo, ele se sentiu atraído por ela.
Silvia colocara seu trabalho em dia, atendia aos subordinados, era de fato uma excelente advogada e muitas vezes recebia contratos exorbitantes de lugares mais distantes, mas a descoberta de um lugar calmo para viver com a filha, não tinha preço, mesmo que esta filha estivesse agora a quilômetros de distância e sabia cuidar de si muito bem.
O trabalho havia espantado as nuvens que carregaram-na a alguns dias, respirava sem ar de remorsos, suas decisões sempre foram corretas, nunca pedira opinião há ninguém pois as dela já bastavam.
Naquela tarde, teria um encontro com associados, passaria na doceria da capital e tomaria um desjejum por lá antes da reunião com as empresas envolvidas.
Na empresa na sala onde ocorreria a reunião, funcionários da área administrativa corriam de um lado para o outro, o almoxarifado era o único lugar organizado, o funcionário novo havia facilitado os arquivos em modo digital para uma melhor e fácil apreciação.
O respeitável Dr. Alberto Santos como era chamado formalmente ,tio Santos, exigiu a presença do sobrinho ao qual fora anunciado pela secretária com seu nome de batismo Kylle Pádua  sendo este apresentado a todos como o herdeiro das empresas Pádua , e seria seu sucessor, os comentários eram gerais ,somente sessaram quando a secretaria anunciou a chegada da advogada no local, Dra. Silvia como geralmente era conhecida no meio profissional,  todos se levantaram enquanto a bela mulher entrava no recinto, parecia destemida naquele modelito preto, cabelos em coque e óculos de fina lente , esta passou um olhar entre os presentes não demonstrando qualquer emoção era de um profissionalismo exímio, Kylie estava disperso, quando a forte voz feminina ecoou pela sala de reunião, o jovem empresário ficou mais admirado por aquela bela figura feminina.
Esta seguiu por toda a manhã, na cozinha não se falava outra coisa além do herdeiro da empresa pois a grade maioria do funcionários não conhecia a história  triste da família , Santos o havia surpreendido também , mas quando o tio decidia algo ninguém conseguiria  mudar,  não era somente isso que fervilhava em sua mente, mas a lembrança do beijo regado a vinho tinto suave na porta do elevador misturado com teor de álcool e a maciez dos lábios daquela mulher atraente que após a reunião Santos conversava amigavelmente tomando um chá em sua mesa.
Kylle ficara sentado na poltrona tentando ler uma revista pois seus olhos se desviavam sem querer para aquela sena que o incomodava, a mulher se levantou com tanta elegância que ele teve vontade de congelar aquele momento, trinta e quantos mesmo? Perguntou-se, daria banho em qualquer garotinha, percebeu ao cumprimenta-la na saída, que apenas suas mãos suavam e estavam frias ao mesmo tempo enquanto a dela era quente como um fogo, um calor que o deixava paralisado, mas porquê?
Precisava falar com ela, tinha essa urgência.

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No quarto da republica Beth adormecia sobre o livro indicado pelo professor, precisava concluir um trabalho importante mas chegava a exaustão ,companheira de todos os universitários, a amiga havia desistido do curso então tinha o privilégio de ter o quarto somente pra ela já que era meio que raro um estudante se mudar no meio do ano, talvez fosse toda a pressão que estava passando com provas e tal, sonhou com a velha cidadezinha , o sabor da massa de pistache forte parecia real assim como o frescor que despertava a visão de um garoto na fonte que a olhava insistentemente,  sob seus pés o velho e abandonado skate ,um friozinho descia sua espinha, enquanto o coração palpitava ensurdecedor , despertou de sobre salto com uma visitinha fantasmagórica de Lola que a observava insistentemente e sorria como se soubesse o que ela havia sonhado para logo depois dizer:
- Ele ainda está lá.
- Ele quem?! perguntou a moça aflita, mas a resposta não chegou, a imagem antes tão nítida da garotinha de 12 anos se desfazia como fumaça diante de seus olhos, ao ponto de faze-la exclamar: - Maldita assombração!!!
- Está falando com quem sua maluca?! Perguntava David, parado na porta do quarto.
- Com ninguém. Respondeu irritada.
- Tá chapada? Ou é TPM mesmo.
Bethe indicou a bagunça de livros sobre a mesa, se dirigindo ao amigo: - Você não tem o que fazer?
- Tenho, por isso estou aqui. Falava se jogando na cama ao lado e continuando: Você tá precisando sair um pouco, arejar a cabeça, vai enlouquecer, tem vida lá fora sabia?
- É, eu sei. Respondeu deitando-se ao lado do amigo e suspirando. – mas minha cabeça está a mil por hora e não sai nada de concreto, não vou conseguir.
- Bom, amigos são pra essas coisas. Falou Davi se levantando. – Vamos ver isso. Após uma leitura rápida caiu na gargalhada e disse: - Realmente não está nada bom, vamos recomeçar.
A resolução do trabalho havia tomado toda a tarde e uma metade da noite, mas em fim concluído com a grande ajuda de David, a inteligência também era uma de suas inúmeras qualidades.
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O almoço de domingo na casa de Dolores seguia animado, a vinda de
 Kylle da capital neste dia fora uma surpresa para a avó, já que fazia um mês que não o via, riam e conversavam harmoniosamente, após o almoço subiu ao antigo quarto onde estavam suas lembranças a foto de seus pais e da irmã Lola ao seu lado, de repente uma lembrança lhe tirava risos sonoros e ao mesmo tempo lágrimas o coração apertava , o cheiro do pirulito de morango que roubara da irmã no banco detrás do carro a discussão antes de tudo , o nervosismo da mãe e o pai virando para dar-lhes uma bronca, uma luz forte foi jogada frente ao carro e um barulho ensurdecedor, finalmente e infelizmente se lembrava do dia trágico que levou a sua família, um sentimento de culpa lhe invadia , uma dor insuportável tomava todo o seu corpo, o pedido de perdão que mal saia de seus lábios era entoado em direção a foto fortemente segurada em suas mãos, o espirito de Lola que ainda estava preso neste mundo acariciava os cabelos do irmão e também se derramava em lágrimas devido a impossibilidade de ajuda-lo naquele momento.
Se levantou em silencio, tudo era inevitável mas nada mudaria, isso nunca aconteceria mas precisava se restabelecer.
Sem falar com ninguém, resolveu sair pela cidade, tudo parecia mais claro agora, ele se lembrara pelo menos um pouco das pessoas importantes de sua vida, após um tempo de caminhada ,uma pequena alameda chamara a sua atenção assim como a última casa que dava de frente a ela, a sacada ,a rede dobrada e o cheiro de canela fresca,  algo lhe chamara a atenção o que fê-lo se aproximar e encarar a jovem mulher vestida em um moletom cinza que saia da casa, balançou a cabeça  enquanto encarava o chão por reconhece – la era Silvia.
- Doutora Silvia! – Chamou alto, fazendo-a olhar em sua direção. - Então é aqui que se esconde?
- Porque? Ao acaso estava me seguindo? Isso é crime. Respondeu sorrindo, tentando disfarçar a euforia dentro de si. – Eu moro aqui. Respondeu por fim.
- Eu também estava caminhando, na verdade não me lembrava de ter andado por aqui, então...
- Entendo, então não é um espião? Falou  Silvia rindo o encarando.
- Saber disso, te tranquiliza? Perguntou Kylle.
- Humm, é, onde pretende ir agora?
- Acho que dar meia volta, posso te acompanhar, mas não costumo ser muito rápido, isso meio que me deixa na marcha lenta. Falou apontando para a bengala que o apoiava.
- Não estou com pressa. Respondeu Silvia.
O crepúsculo já se firmava escondendo aos poucos o sol, deixando uma paisagem deslumbrante atrás da cadeia de montanhas que cercavam a pequena cidade, o vento fresco brincava com as folhas das arvores, o silencio de ambos permitia que se ouvissem a algazarra de pássaros que procuravam  o ninho, então percebendo a dificuldade do rapaz a subir a leve ladeira que dava na rua da alameda gentilmente cedeu seu braço, enlaçando-o ao do mesmo, Kylle ainda trazia uma leve timidez uma sensação que se misturava entre o homem e o menino,- ela tem um cheiro bom.-Pensou inspirando e lançando um expressão de leve sorriso, consentindo a aproximação de Silvia enquanto comentava: - Faz algum tempo, mas ainda não me acostumei com ela.
- Eu imagino, acompanhei um pouco seu tratamento, sua avó, ela sempre comentava sobre você quando conversávamos, e ainda o faz.
- Vó Dolores esteve ao meu lado durante todo o tempo, ela é uma mulher incrível.
-Tenho que admitir, assim como faz um café impecável.
-E umas panquecas únicas. Diante da ultima frase não se conteram e riram como crianças, mas ao novo silencio ele continuou:
- Silvia. A voz grave do rapaz a fez sentir um incomodo prazeroso em seu corpo e com um charme que somente ela tinha correspondeu com um sorriso parando e encarando, Kylle se perdeu por segundos diante daquele gesto inesperado da mulher , foi difícil manter o firme objetivo daquele impasse , poderia se dizer que ele acabara de ser nocauteado , mas falou por fim: Sobre aquele dia, acredito que te devo desculpas, eu não devia tê-la...
- Beijado? Falava Silvia ainda parada frente a ele.
- Sim, quer dizer, é sim. As palavras se embaralhavam em sua mente, como era difícil manter a postura frente a uma mulher.
- Tudo bem, eu entendo.
-Entende?!
- É claro, é natural, tínhamos bebido, acredito que  você  não está familiarizado com aquele tipo de vinho, com teor alcoólico tão alto.
-É, eu quase não bebo.
- Viu, não precisava se desculpar, percebi que estava um pouco alto.
- Me desculpe mesmo assim.
- Bom se vai te deixar tranquilo, te desculpo.
- Obrigado. Falou Kylle enquanto voltavam a caminhar.
A praça estava com as luzes acesas a pequena sorveteria convidava a todos para uma relaxada, era outubro as flores não só enfeitavam os jardins centrais como liberavam no ar um doce aroma, a fonte se iluminava com suas luzes ao fundo, famílias inteiras se encontravam lá, assim como os casais de namorados que não se incomodavam com os olhares dos mais velhos, enquanto trocavam beijos apaixonados.
 - Bom já que estamos aqui, que tal um sorvete? Sugeriu Kylle.
- Aceito. Respondeu Silvia, ainda enlaçada ao braço do rapaz, enquanto alcançavam uma mesa discreta do lado de fora da sorveteria, logo um atendente se aproximou e os cumprimentou oferecendo um catálago para que escolhessem o sabor.
- Você frequenta bastante aqui,não?
- Bom, frequentava, agora que me mudei pra capital, apareço de vez em quando.
- Curso de enfermagem?
- A, sim, mas após aquela surpresa de meu tio, acredito que este curso não me ajudaria muito.
- Com certeza não irá ajudar, seria melhor um curso de administração, com um pouco de auxilio de alguém com experiência, você estaria pronto.
- Você fala com muita convicção?
- Olhou bem para mim, terminei a faculdade já faz um tempo, também já trabalho nisso dês da adolescência, fiz uns trabalhos par meu pai, ele era uma raposa velha, me ensinou tudo o que sei, me amadureceu pros negócios , então nessa altura já estou caminhando para ser o que ele era, “uma raposa velha”. Falou cruzando os braços frente ao seio como sempre fazia para se firmar.
- Pra ser sincero, não encontro em você um sentido para o que acabou de se comparar, é uma bela mulher.
- Está me cantando Kylle?
- Acho que não posso fazer isso.
Após a resposta do rapaz, Silvia silenciou, tomaram o sorvete e desviaram o assunto para outro ângulo, claro que estavam ansiosos mas ambos acreditavam não ser a hora de algo mais, a noite trazia uma fresca brisa enquanto mais uma vez após algumas horas Kylle e Silvia voltaram a caminhar, agora mais soltos ,com assuntos voltados ao trabalho.
- Bom, gente se despede aqui. Falou Silvia parando no começo da rua de sua casa.
- Quer que eu te acompanhe até a sua casa?
- Não precisa, depois não terá companhia para voltar... falou sorrindo.
- Então até mais, tenha uma boa noite. Falou o rapaz também sorrindo.
- Boa noite. Respondeu Silvia se afastando.

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Marco estava feliz com a visita da filha, percebeu que a mesma havia mudado e muito, amadurecido seria a palavra certa, estava mais gentil com a sua atual esposa, brincava com a irmã menorzinha com uma doçura fazendo por vezes a pequena recusar o colo dos pais, isso era tão notório porque não dizer belo.
 Após o jantar, seguira para o seu quarto no terceiro andar estava exausta, as provas haviam terminado e nada como descansar a cabeça e pôr os pensamentos em ordem, debruçou na cama respirou profundamentmãee absorvida pelo perfume de lavanda que vinha da roupa de cama, escutou o celular vibrar várias vezes no criado ao lado com muita preguiça esgueirou-se até ele para atendê-lo.
- Alô, disse preguiçosamente.
- Filha, sou eu, estava dormindo?
-MÃE!!!!!
- Hora não percebeu que era eu? Não viu moeu número?
-Desculpe, estou cansada um pouco de minha viajem.
-Viajem? Como assim?
- Estou na casa do Pai, Mãe.
-Mas você não me falou nada, quando chegou ai.
- A pouco, desculpe-me devo ter me esquecido.
_ Não tudo bem, e como está tudo
- Quer saber mesmo? Fez se silencio após a pergunta e logo veio uma resposta.
-está bem, não, não quero.
- Então dona Silvia, o que a faz me ligar assim a esta hora?
-Podemos conversar um pouco, ou você, está muito ocupada pra isso?
- Nossa Mãe! Que rabujentice, estou sozinha claro que posso conversar com você, fala o que aconteceu?
- Eu o encontrei, acabei de chegar de um convite pra um sorvete na praça principal da cidade.
- E daí? O que mais acontecer?
- Como assim, conversamos bastante, até levei um cantada, quero dizer acho que levei.
- isso tá ficando cliente, em dona Silvia, tudo bem, tu - do bem...
- Elizabeth, não está pensando que eu...
- Porque não, vai em frente, você merece uma pessoa boa, alguém na sua vida.
-Mas não alguém de 22 anos; Nossa! Ele é jovem demais.
- É um homem jovem, não te disseram que homens jovens são excelentes amantes?
- Meu Deus Beth, não estou ouvindo isso de minha filha, ontem você era meu bebe e agora meu bebe fala sobre assuntos nem um pouco inocentes comigo?
- Mãe não sou um bebe, quer saber curta esse momento, te dou a maior força.
- Se seu pai souber...
- Ele não pode falar nada, a vida é sua e você faz dela o que bem entender.
-Bom deixe de falar de mim, e você, como está?
- Estou bem, sozinha como sempre, sonhos estranhos, estranha como sempre.
- Sonhou com aquele rapaz de novo?
- É, mas não consigo me lembrar direito das coisas, mas isso não me incomoda mais, estou acostumada com esta doideiras, Davi disse que preciso arrumar alguém, eu estava pensando em ir ai nas férias, posso levar o Davi?
- Legal filha, quanto ao Davi ele está mais que convidado, achei ele um rapaz muito simpático.
- Verdade, quem sabe até ´lá vocês não se resolveram e eu terei um novo papai. Falou Beth rindo do outro lado da linha.
- E um papai bem jovem, praticamente da sua idade. Ambas riam agora. - Tá bom filha, vou desligar, descansar um pouco.
- Vê se dorme, mande um abraço pro seu pai.
-Ok.
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- Kylie, é você meu filho?
- Sim vó. Respondia Kylie para a sua avó que adentrava na sala para recebe-lo, limpando as mãos no branco avental.
- Acabei de passar um chá, aceita tomar conosco? Apontou santos que estava sentado na velha poltrona verde próximo ao aparador.
- Sim, porque não.
A conversa entre os familiares correu regada de um bom chá verde, vezes outra uma gargalhada de Dolores, ela sabia fazer qualquer um feliz, era uma pessoa fantástica, Kylie a observava ao mesmo tempo que sentia orgulho de estar ali rodeado de quem o amava, mas ele não queria mais a segurança do lar, sua avó  super. protetora é era isso que ela era, a amava mas devido aos acontecimentos de sua vida, parecia querer resgatar tudo o que não viveu com ele e trazer de uma só vez, mas o tempo havia passado e ele não era mais uma criança.
De novo no seu quarto, sentava-se próximo a janela, observava a foto de sua família e conversava com eles, como se lá estivessem, estava em paz agora, as antigas culpas não o atormentavam, sabia e entendia que os desígnios de Deus são imutáveis, segundo a doutrina de seu tio a alma é eterna e tem o seu tempo neste mundo e no outro algo maior a espera e nada acontece por acaso, com isso seu pensamento vagou pelo tempo em que era apenas um menino, a escuridão, um sonho talvez o mais próximo que teve de uma  adolescência e agora a paixão, o sentimento desconhecido.
Pela manhã o belo dia flertava seu rosto pela fresta da cortina que ainda se mantinha fechada, o delicioso cheiro de biscoito de mel pairava na casa, assim como uma suave melodia da sonata de seu tio, uma obra de arte do século dezoito, estavam a sós com certeza, pois sabia de antemão que Dolores estava na casa dela, talvez falando dele e contando coisas desconexas e sempre bem ilustrativas ao seu modo de ver,  este seria um bom dia para rever velhos amigos no asilo, principalmente a sua companhia predileta quando jardineiro, dona Clara.
Ainda sentada no banco próximo ao pé de flamboaiã, lá estava ela a espera de seu príncipe encantado, como sempre afirmava.
- Quem vem lá? Falou em alto e bom tom.
- Sou eu Dona Clara, Kylie, como tem passado.
- OH, meu querido, esta velha se sente abandonada pelo belo jardineiro, mas sente-se aqui, espero que tenha algo muito importante pra me contar.
- Estas são pra senhora. Estendia a mão onde trazia um ramalhete de lírios brancos e recebia um beijo na face.
- Um belo e jovem cavalheiro sabe como agradar uma Dama, mas a pergunta é; encontrou o que procurava?
- Dona Clara, sinto te desapontar, mas posso dizer que encontrei mas não encontrei.
- Simplifique isso meu rapaz, este velho cérebro já não raciocina tanto quanto antes.
- Quero dizer que cheguei um pouco tarde.
- Um pouco tarde? Ela é casada?
- Na verdade não.
- Então o que está esperando! Falou com todo o ar dos pulmões, para seguida rir da cara que ele fez e concretizou:- Menino não perca mais tempo, deixe seu coração viajar e viver, romances bons não se escrevem da noite para o dia.
- A senhora é realmente fantástica, falou beijando-lhe adestra da mãos encarquilhadas.
- fantástico e poder viver meu filho, eu posso dizer que vivi e hoje o resto de minha existência vejo nos jovens um reprise imperfeito do romance, eu vivi um romance ao lado do meu Júlio, ele também me trazia flores e cantava lindamente belíssimas canções de nossa época, andávamos de mãos dadas por essas ruas, éramos felizes, se falo a você da felicidade é porque realmente vivi, mas apenas uma me faltou, filhos, este era uma concretização que não pude alcançar, mas quando te vi, sentado naquele banco ali na frente do meu, fazendo seu desjejum, a figura dele me veio na memória você me lembra ele, quero que seja feliz Kylie e não perca essa oportunidade, ame troque de amor se necessário, é assim que você a encontrará, seu amor pra toda vida, como eu encontrei meu Júlio.
Foram interrompidos pela enfermeira que se aproximava da velha amiga: - Ora meu jovem, não ouça muito o que uma velha como eu tem a dizer, mas se serviu de alguma ajuda, estou torcendo.
 Kylie sorriu, vendo a mesma ser levada para dentro do prédio, onde receberia os cuidados necessários dos cuidadores do locais, ele observou o belo jardim que um dia cuidou, seus passos seguiam o caminho entre as azaleias e o portão lateral, onde cumprimentou o novo jardineiro, estava decidido.

Dolores cantarolava e arrumava as coisas na casa de Silvia, está sentada na sala revia alguns papéis que pareciam de grande importância, um coque meio desfeito o óculos e um lápis na boca, ela não sabia mas a todo o momento era observada pela diarista e também amiga que achava graça das expressões da jovem advogada, serviu a com um suco e um lanche integral ao qual recebeu um meio sorriso de agradecimento, Silvia devorava o entre movimentos automáticos sem desviar os olhos dos papeis.
- Dolores isso é que é um arrombo. Disse se erguendo e espreguiçando.
- Bom, não entendo nada do que fala, mas esse seu novo caso parece interessante, você não despregou os olhos nem por um minuto.
- É um caso ao qual fui chamada a trabalhar, o cliente está um pouco com pressa.
- Pretende viajar?
- Só pra averiguar algumas coisas, acho que terei que falar com Marco sobre isso, já que este cliente estava sobre sua jurisdição. Falou espirando profundamente esbaforindo com a boca fazendo um barulho estranho.
- Não quer falar com ele? não é?
- Não queria, mas é assunto profissional, não tem jeito de não encontra-lo.
- Bom, já terminei aqui, quer que prepare seu banho antes de ir?
- Ai Dolores, eu quero sim, o que faria sem você?
- Ok, Ok, estou subindo então.
- Obrigada.

O caminho parecia mais longo como de costume, a varanda repletas de flores se mostrava a sua frente, a bela casa com ar campestre se encontrava a poucos metros, mas suas pernas e pés se viam amarradas como uma espécie de feitiço, Kylie se via passando pelo nervosismo, estava realmente tenso, se deu conta de que agora se colocava a porta de madeira avermelhada com um belíssimo vitral em triangulo em tons azuis e dourado acima, um pequeno botão ao lado pouco acima da maçaneta acusava ser a campainha, relutou um pouco com o dedo indicador sobre ela e num reflexo tão rápido que o seu querer apertou, ouvindo o tendo que pareceu tão alto como um alto falante dentro de seu cérebro.
Vozes se ouviam do lado de fora, acusando que Dolores ainda permanecia na casa, para sua surpresa Silvia era quem viera abrir aporta, dando de cara com o belo jovem um pouco rubro pelo atrevimento.
- Olá? Disse sorrindo para o mesmo e completando antes do rapaz responder: - Dolores! Acho que é pra você? Saia agora da frente convidando-o para se sentar.
Ele assim o fez, se sentia desconcertado diante da cena, a avó descia a escada e trazia um roupão em seus braços, Silvia estava a vontade com sua presença, as duas conversavam e riam ao mesmo tempo que não ignoravam a sua figura, era uma conversa amistosa, mas ele não tinha palavras, só havia um motivo que o levara ali, mas naquele momento se sentiu um menino acuado no corpo de um homem, ainda mais quando a avó se dirigia a ele como uma criança completa, as vezes procurando uma confirmação em seus olhos, teve sua deixa quando esta subiu pro andar de cima, o sorriso de Silvia o fez expirar enquanto falava:
- Minha avó é um tanto exagerada.
- Estamos falando de Dolores.
-É, é sim...Silvia; Ocorria uma pausa entre os dois, para ela uma experiência em sua vida para ele seu primeiro romance, ela o observava agora quieta sabia manter uma postura não demonstrando a emoção, mas dentro de si, se perguntava:” - o que um rapaz belíssimo como Kylie queria com ela”. Fora tirada de seus pensamentos quando o mesmo completou:- Precisamos conversar. Falou dando um passo em sua direção, enquanto ela se mantinha no mesmo lugar, a distância de um palmo um dou outro fez Silvia erguer os olhos para observar seu rosto, sim ele era belíssimo, em um impulso Kylie levou uma de suas mãos e tocou lhe o rosto suavemente, suas mãos ainda suavam e estavam pouco gélidas que ao contato com as mãos de Silvia que agora depositava um leve beijo se aquecia , tão delicada e cuidadosa com ele o fez entender que estava no caminho certo, mas como tudo dura pouco, um movimento na escada fizeram a ambos se distanciarem rapidamente, ainda não estavam preparados para mostrar um talvez romance aos seus.
Seus pensamentos estavam perdidos, desde a manhã Silvia não conseguia se concentrar em seu trabalho, se perguntava “ onde estava com a cabeça” estava a tanto tempo sem se relacionar que se sentia meio amedrontada com tudo, era inacreditável que estava se envolvendo em um sentimento confuso, ainda não tinha certeza se queria que as coisa fossem assim, quando o telefone tocou, uma ansiedade passava por suas veias, respirou fundo ao atender o aparelho residencial, mas a voz do outro lado da linha não era o que ela esperava, mas a batia na porta sim, eram 19:00 quando de repente ambos perdiam a noção e sem palavras , um beijo desajeitado pela timidez de um e a incerteza de  outro dava começo a um relacionamento inevitável, se perder naquela momento impensado poderia ser uma loucura mas acabava se tornar a maior das emoções.
- Você está louco. Falava empurrando a Kylie. O que é isso? Você acha que pode vir na minha casa...
- Eu gosto de você Silvia, vim hoje pra te falar isso. Falava cortando a mesma.
- Não...não gosta, está confuso, como Kylie? Não pode.
- Parque não? Falava ele se aproximando.
-Somo diferentes, eu você, tem ideia de tudo o que pode acontecer, tenho um filha da sua idade. Falava se afastando do mesmo. Sou uma mulher divorciada e tenho quase 30 anos a mais que você, tem sua avó, o que ela diria? A empresa, seu Tio santos, minha filha, meu e marido e.  Parou de falar quando sentiu que uma parede a impedia de continuar a se distanciar, enquanto Kylie agora diminuía a distância entre eles, como durante a manhã.
- É verdade Silvia, tem tudo isso, eu sei, não sou nenhum sem juízo e
Também já deixei de ser um garoto a muito tempo, mas se não quiser se relacionar comigo, é só dizer não, mas se me quiser em sua vida é só não me deixar sair por aquela porta, enfrento com você e por você qualquer coisa.
- Você não sabe o que está dizendo. Falou finalmente se desvencilhando do rapaz. Não se trata de enfrentar ou não, a sua história diz tudo Kylie, não pode se perturbar por um sentimento que o está confundindo.
- Confuso, minha história? Acha mesmo que estou aqui por estar confuso? Acha mesmo que é isso?
- Tua avó me falou de seus sonhos enquanto estava em coma, me falou da jovem que desenhou em seu quarto, uma semana depois de sair do hospital.
- Aquilo era só uma fantasia, existia alguém que se importava comigo, alguém em algum lugar no meu subconsciente, eu já superei isso tudo.
-Então porque não desfez disso tudo?
- É um belo desenho, apenas isso pra mim.
- Kylie. Fala Silvia agora se aproximando dele e pegando suas mãos. – Quero que saiba que também me sinto atraída por você, mas como eu precisa enterrar os seus fantasmas, viver um pouco sua vida, fazer amigos de sua idade, encontrar uma garota que vale a  pena, sou uma mulher e vivi tudo isso, namorei, me droguei, fiquei bêbada, me formei em uma boa faculdade, me casei, tive uma filha linda, não me arrependo, e agora encontrei você, como eu queria voltar a um tempo onde tudo era fácil pra mim, isso dói, dói muito, eu já pensei muito em você, desde aquele dia no elevador na capital, fazia tempo que eu não me sentia do jeito que você me fez sentir e agora você vem aqui e me deixa sem palavras, sem respostas.
- Você é incrível. Falava Kylie agora se colocando próximo a porta. Você é que precisa esquecer, não entende, sou um homem apaixonado por uma mulher, não precisa se justificar tanto, bastava dizer não. Foi a sua última palavra antes de se permitir partir na escuridão da alameda.
O que aconteceria depois, somente o tempo diria, as incertezas de Silvia começaram a entrar dentro de Kylie, ele havia conhecido a morte, mas ela estava certa ele não precisava ter pressa, já Silvia naquela noite tomava um delicioso vinho sentada na cama, lembrava cada palavra dita e percebia que por minutos estava prestes a aceita-lo, sentia na obrigação de dar vasão a sua razão acima de tudo, mas até onde ela estaria certa.
Kylie chegara em casa já passava da 21:00 horas, pela primeira vez sem seu sorriso no rosto, sem cumprimentar o tio e avó batia a porta da frente denunciando sua irritação, seu tio Santos já desconfiava do ocorrido, se via na obrigação de falar com o sobrinho, mas esperaria o momento certo chegar.
Ele entrou em seu quarto, o cavalete ainda próximo a janela fez se lembrar das palavras de Silvia, em fúria silenciosa caminhou até o cavalete onde um esboço de um rosto de uma mulher estava desenhado, arrancou o amaçando e jogando no lixo ao lado da escrivaninha, retirou a blusa e deitou-se na cama, com seu pensamento vago e assim adormeceu.
Existem situações onde somente o ser pensante pode explicar, naquela mesma noite como em outras passadas, Kylie se viu em um sonho confuso via Lola a irmã menor, ela sorria largamente, estava feliz, frente a uma grande construção, ele conhecia aquele lugar.
- Venha seu panaca.
- Pensei que havia virado um anjo depois de tanto tempo, irmãzinha, mas continua insuportável, como os anjos te aguentam? Pelo jeito já foi até expulsa do paraíso.
- Cale a sua boca, só pra saber, ainda não entrei o paraíso. Falou e puxou o irmão pelas mãos. Concluiu: - O que procura está aqui. De repente o papel antes amaçado tomava vida e uma jovem aparecia descendo a escada ao lado de fora correndo pelo gramado. Está vendo idiota, isso não é um sonho é real, ela existe, ache-a logo o meu tempo está acabando, adeus irmão.
-Lola!!!! Gritou Kylie, mas já se encontrava acordado. O que é isso agora. Levantou-se para tomar um pouco de água, quando estava virando para aporta que dava ao móvel seu tio chamava-lhe a atenção:
- Não conseguiu dormir?
- Tio, o que faz aí no escuro, sozinho.
-Sozinho? Tem certeza?
- Você e seus fantasmas.
- Fantasma? A! Me esqueci de que você não acredita em nada, não é?
- Desculpe, não é isso.
-Então, você foi vê-la...
- Sim, eu fui até lá, achei que seria correspondido, mas...
- Mas ela se recusou a te namorar, falou mil coisas sobre o passado dela, sobre a diferença de idade e você ter que viver ainda. Diante do silencio do sobrinho conclui: - Ela está certa Kylie, conheço mulheres assim, tem muita fibra, aprendem a viverem sozinhas e sabem se defender até mesmo dos seus próprios sentimentos.
- Eu não iria fazê-la sofrer, eu a amo tio.
- Você a conhece? Bom eu a conheço Kylie, Silvia saiu muito dolorida de um casamento, pertencia a uma família abastada, casou gravida e o que ela pensava ser um conto de fadas pareceu ser seu pesadelo, o marido a traia com várias mulheres e se casou com uma de suas secretárias, tem uma filha que aparentemente está bem agora, mas já lhe causou muitas preocupações, ela praticamente a criou sozinha, uma mulher assim está decidida.
- Eu entendo tudo isso.
- Você se magoou, não devia, precisa pensar em outras coisas agora, o amor é um sentimento confuso para quem nunca sentiu, Silvia é uma mulher linda e cobiçada em seu meio, deixe ela escolher, não aprece as coisas, se for realmente algo, permita que ela o procure, se não deixe isso tudo passar.
- Eu já havia refletido sobre isso também.
-Então você realmente amadureceu Kylie, isso é bom, agora me conte, o que te fez levantar essa horada noite, não foi a conversa com a doutora?
-Não.
-Quer falar sobre isso também?
-Fantasmas. Foi apenas o que Kylie falou, já deixando o tio com seu típico sorriso caloroso.
A sala ainda se encontrava na penumbra da noite, o pequeno abajur de cristais verde musgo ligado ao lado da mesinha de canto iluminava apenas um ponto próximo a velha poltrona onde preguiçosamente se encontrava Santos, a menina prostrada ao chão escutava atentamente a conversa de ambos quando se viu sozinha novamente com o velho tio retornou ao seu diálogo mental: “- ele não tem jeito mesmo, tio.
- Não devemos interferir nos sentimentos dos encarnados, Lola.
- Interferir, eu? Não só too dando uma mãozinha, já que ele não se toca.
- Mãozinha, acho que você já passou muito tempo por aqui, está na hora de seguir seu caminho minha criança.
- Partir? E não olhar a cara de idiota de meu irmão, isso me diverte muito.
- Eu sei, mas sabe que nada voltara a ser como antes, não é?
- Não quero nada velhote, apenas que me deixe em paz.
A jovem alma agora desaparecia de frente a Santos enquanto este continuava com seu sorriso e deduzia: -Crianças são crianças até mesmo desencarnadas, mas um dia precisara partir minha princesa, aqui não é mais seu lugar.
Santos não podia mais vê-la, mas uma leve tristeza se apoderou do ambiente, Lola sentia-se triste e quando isso acontecia, ela se refugiava próxima a Beth, esta por sinal já estava acostumada com a figura da garotinha sapeca ao seu lado, ao ponto de não lhe dar mais importância.

Ao passar das semanas Lola se tornara constante na vida de Beth, em seu quarto na república, em seus passeios até mesmo em seus sonhos, o que antes não a incomodava passava agora a ser um certo desfio para a jovem médium, ela escutava a menina apenas nos sonhos, mas não acordada, neste estado apenas via sua presença, em uma ocasião quando se viu sozinha no seu quarto resolveu fazer um teste escreveu em seu caderno para que a garotinha lhe falace o que queria em um de seus sonhos pois não entendia o porquê de tanta perseguição, foi exatamente o que Lola fez, desafiando os conselhos de seu tio santos disse para que Beth retornasse para a casa de sua mãe, fosse para a praça assim que chegasse e esperasse por ela.
Após as provas finais, uma semana depois contendo sua enorme ansiedade Beth encontrava a mãe no aeroporto da capital, entre abraços saudosos e a alegria de ter a filha de volta por um pouco de tempo, ambas partiram de retorno a bela casa da alameda, Silvia não havia esquecido o que ocorrera a alguns meses atrás, entre Kylie e ela, mas este assunto havia guardado apenas para si, não revelara nem mesmo a filha.
Ao chegar, o delitos cheiro de café inundava o hall de entrada, Dolores já sabia da chegada da jovem e uma grande festa se fazia entre as três mulheres, regada com um delicioso bolo de milho e café a moda da casa, Beth respirava fundo, aquele ar puro que vinha das cadeias de montanhas que cercavam a cidadezinha, antes era irritante mas agora era tranquila aos seus olhos e espírito.
Seu quarto estava ainda com algumas coisas de antigamente, alguns livros que a muito não lia agora se misturavam a outros de sua coleção, ela andara estudando pouco sobre para normalidade, dessa vez sem se achar louca. Pendurou a rede de rendas azuis na varanda de seu quarto, a sacada trazia a trepadeiras que nesta época do ano se enfeitavam com suas pequeninas flores rosadas e trazia um cheiro maravilhoso, o sol se escondia anunciando a chegada do entardecer e anoitecer, era bom estar de volta.

A manhã era brindada com um belíssimo por de sol, eram 06:30 quando Beth começou sua caminhada, o celular na cintura e ao compasso da música “louve-me like you do”, tudo parecia com outras cores tão diferente de quando partiu, afinal foram longos três anos em mais um ano seria sua formatura, ela escolhera a capital para viver, estava em seus planos ganhar experiências futuras, iria distribuir seus currículos e assim começaria sua nova vida, a cada passo a nostalgia enchia seu universo perdido, algumas emoções sempre viriam a tona, a velha padaria da esquina a sorveteria neste momento riu  se lembrando de sua mãe do encontro não tão encontro assim, e percebeu que a mesma não havia nem um pouco tocado no assunto do cara ao qual estava interessada, mas pensou que se ela o fez era por algum motivo , esperaria um momento certo para fazer isso, mas qual foi? O que será que deveria ter acontecido,  já próximo da esquina que a levaria para a antiga escola podia observar os alunos já chegando  para as últimas aulas do semestre, ela costumava descer aquelas rampas com seu velho skate , sempre chegara atrasada e era encaminhada pra diretoria, riu desta alegre lembrança, não havia feio muitos amigos por ali, então seria improvável que alguém viesse a ela, fizera sim muitas inimizades devido ao seu jeito inglês de ser ou um tanto gótico, a torre da igreja  também fora um lugar onde muito chamava sua atenção, retornou a quadra e seguiu para a rua principal onde um casarão antigo em tons azuis e branco inundava a paisagem de algo desconhecido, apesar de ser antiga sua arquitetura era lindíssima, percebeu um movimento na porta e de lá saia simpático senhor, envolvido em um roupão marrom com detalhes refinados que ao perceber a jovem tão próxima do portão a cumprimentou com um largo sorriso e retornou ao recinto, ela continuou andando e a praça estava tão deserta como seus pensamentos agora, o cheiro de croissant quente inundava suas narinas, era hora de retornar a casa, mas antes daria uma paradinha para experimentar essa delícia mais uma vez, ainda sentada em uma mesa atrás de uma vidraça na padaria observava o andar rápido das pessoas que procuravam seus devidos lugares em suas profissões e logo ela faria parte disso, era estranho ver o mundo com pressa, as pessoa desta cidade eram amistosas e todos se conheciam, se cumprimentavam, talvez até sabiam da vida uma da outra, muitas famílias se formaram aqui e nunca saíram deste lugar, poucos se aventurariam para fora, mas poderia se perceber que se tratavam de pessoas na maioria mais velhas, jovens adolescentes e crianças, possivelmente os jovens mais adultos, estudavam ou moravam na capital, já que a cidadezinha mais parecia uma vila e sua maior fonte de renda era o turismo nas montanhas, em sua velhice viveria ali tranquilamente pensou enquanto tomava seu último gole de capuchino.
Antes Beth jamais pensaria isso, mas muitas coisas haviam mudado sinal que a maturidade talvez houvesse chegado.
A criança que andava em volta da mureta do chafariz da praça lhe deu uma piscadela e um sorriso maroto para a jovem, esta disfarçou um sorriso cheio e graça, era estranho somete ela ver aquela bela garotinha que passava por entre as pessoas fazendo caretas e arteirices que agora se colocava ao seu lado.
- Você demorou hein filha? Parece até que andou por toda a cidade. Falava Silvia sentada na sala revendo papeis.
- O que são estes documentos mãe?
- A sim, é um processo que estou revisando a alguns meses, vai em júri.
- Você está na defesa?
- Na verdade não, não irei participar como advogada diretamente, é o escritório de seu pai que ...
- Mãe, o pai pediu pra você fazer isso?
- Olha não tem problema, somos pessoas civilizadas e trabalho é trabalho.
- Então quer dizer que ele é o advogado de defesa?
- Sim.
- Entendi, posso ver?
- Claro.
 As duas mulheres passaram a analisar os documentos e conversavam entre si, Silvia se sentia orgulhosa da filha, ela realmente havia mudado e se interessado em alguma coisa, a manhã parecia estar voando, com a ajuda da filha Silvia teve seu momento de descanso.
-  Então, o que fazer no final de semana?
- Podemos ir para as montanhas, ainda tem aquilo de antes, nem?
- Ai filha, faz algum tempo que não curto isso, mas podemos ir sim, vai ser legal.
-Vai, eu acho que sim... Beth se manteve calada por instantes depois de pensar um pouco continuou: - Mãe!
- Sim.
- E aquele cara, que você...
- É passado.
- Mas não faz muito tempo, você estava tão empolgada, o que houve? Foi o papai?
- Não filha, foi eu mesma, entendi que não daria certo, somos muito diferentes.
- Mas você nem tentou... você já....
- Escute! Falava Silvia agora aproveitando a pausa que Beth dava. - Aquele relacionamento, poderia causar muito transtorno em ambas os lados, não daria certo, seria muita coisa pra se lutar e muita coisa há se perder, principalmente a amizade de Dolores, ao qual eu prezo muito.
- Dolores? Mas o que uma coisa tem a ver com a outra. Perguntava Beth sentando na cadeira ao lado e encarando a mãe com expressão de surpresa.
- Kylle, é neto de Dolores e...
- Kylle, você disse Ky...lle. – Um mal estar se apoderava da jovem, uma vertigem fazia seu estomago revirar, vozes em sua cabeça, barulhos, imagens e escuridão.
Silvia não teve dificuldade em arrastar a filha pra cama antes do baque final, ela perdera a consciência , a mesma se apavorou pois não entedia porque,  ficou observando a filha , a cor as poucos retornava, a pressão antes descompassada estava normalizando assim como a respiração pesada, mas está ainda se mantinha desacordada, neste frenesi Beth sonhara com a garotinha Lola, se encontrava entre as montanhas, ela se lembrava deste lugar a cachoeira entre as trilhas onde enroscada em uma pedra havia um pingente delicado.
- Então? Falava a menina próxima a Beth. – Acredita em mim agora?
- Eu conheço você, mas não sei dizer de onde.
- É daqui Beth, eu nunca sai daqui, tentei uma vez, mas fiquei por você e por ele. A menina apontava para alguém sentado em uma mesa próximo a uma choupana. Aquele é Kylle, meu irmão.
- Eu me lembro, mas algo está diferente.
-Sim, o tempo passou pra ele, seu corpo desenvolveu ao processo normal, mesmo quando estava em coma profundo, quando você o conheceu e o viu, assim como me vê, enquanto ninguém mais podia savá-lo, vi em você um caminho pra trazê-lo de volta e pra que eu pudesse me desculpar por todas as minhas maluquices, eu o deixei tão irritado naquele dia que meu pai ao tentar apaziguar a situação desviou seus olhos por instantes da estrada, o que bastou pra nos ferir mortalmente, na mesma hora fui lançada de meu corpo, enquanto uma luz abraçava meus pais eu fugi, fiquei ao lado de meu irmão até perder a noção do tempo, aí um dia me senti fraca e estranha, foi quando percebi que havia morrido, eu era um atormento para ele, confesso que me diverti muito até agora, confundindo a todos e lutando por algo que não vai voltar, mas meu irmão ... – continuava falando enquanto olhava para  o mesmo;- ... meu irmão tem um futuro e uma vida.
- Ele está mais velho, diferente de quando conversávamos, confesso que pra mim era como se fosse um sonho, mas eu sei que somente eu podia vê-lo, descobri do que se tratava ,quando ele não pareceu na foto que havia tirado frente a fonte, não tive medo, mas queria entender porque ele não via o que estava acontecendo.
- Ele também não sabia, estava preso em sua consciência, mas quando despertou, você, eu, ficaram como se focemos um sonho confuso.
- Agora eu entendo, mas o que quer que eu faça?
- Ajude me mais uma vez, ele gosta dela de verdade sabe, da sua mãe.
- Quer que eu fale com ela?
- Se for difícil pra você, não precisa fazê-lo.
- Não que seja difícil; Beth respirou fundo e ainda mantinha os olhos fixos na figura do rapaz ainda sentado próximo a choupana; - mas gostaria muito de conhece-lo de verdade, parece injusto de minha parte ou até egoísta, mas eu quero vê-lo, mesmo que ele não se lembre de mim.
- Esta certo, o que mais podemos fazer, acho que chegou a hora e depois disso... , bom, você precisa voltar, minha avô logo chegará.
A visão de Beth ainda estava pouco embaçada, seus olhos começavam a se abrir a sua frente a figura de sua mãe começava a se tornar nítida.
- Filha , o que aconteceu? Você desmaiou.
- Nossa! Minha cabeça está tão pesada;  falava enquanto se servia de um copo d’água que estava no criado mudo ao lado da cama.
- Levei um susto, foram segundos eternos pra mim, liguei pra Dolores pedindo ajuda.
- Nossa mãe, você é dramática. Falava se levantando, mais ainda sentindo o efeito do rápido desdobramento.
- Filha! Falava Silvia segurando-a pelo braço.
- Eu estou bem, minha pressão caiu um pouco, deve ser a altitude do lugar é diferente aqui.
- É verdade mocinha, você precisa se adaptar novamente, antes de sair andando por aí. Falava Dolores entrando no quarto se juntando as duas. – Você está bem mesmo Beth?
- Sim, foi só uma queda de pressão.
- O quê!? Silvia olhava espantada para a filha, enquanto esta se colocava a rir escancaradamente.
- Claro!? Já dormi com muitos homens mesmo não é?
- Filha isso não é brincadeira.
- Nossa vocês duas, dormi com David mas posso garantir ele não gosta da fruta e outra coisa, desde quando desmaiar e sinal de gravidez, me poupem. Terminava de falar  torcendo o canto da boca e finalmente descendo as escadas e batendo a porta da frente em seguida retrucando pra si mesma: - Cada uma que escuto e agora essa.
Ela saíra ,andando sem rumo, a voz de Sílvia dizendo o nome que tentara esquecer durante todo esse tempo em que dormir e sonhar era algo impossível, as ilusões da grave esquizofrenia diagnosticada quando criança se abriria real ou não a sua frente, Kylle era o nome e uma de suas muitas imaginações que fora tratada com medicamentos e muitas visitas aos psicanalista, mas é claro que a mãe jamais entenderia, afinal tudo o que se falava era guardado em segredo entre seus arquivos médicos, também se viu paranoica, rindo para o alto , afirmando para si que se tratava de um nome comum, mas e Lola? Enquanto tudo o que presenciou nos poucos segundos que perdeu a consciência?
Beth parou por instantes, um suspiro saindo dos seus lábios, seu coração acelerava ao olhar para a mansão a sua frente e naquele momento tudo voltava, a imagem clara, o riso, a voz, Ele era real.
A campainha anunciava alguém no portão, Santos calmamente depositou a xicara de cha sobre a mesinha ao lado da poltrona assim como também o jornal que lia, um pequeno vulto passou por ele, pulando como se brincasse na sombras e entre os encarnados, atravessando a madeira como se esta fosse um vácuo no espaço e no tempo, ao mesma hora em que Santos abria a porta para receber a visita , como se já soubesse quem era e já a estivesse esperando falou surpreendendo a jovem:
- Ela é uma pequena fantasmagórica insistente, não acha ? Falava em  meio sorriso.
Beth olhava para ambas as figuras, Lola que agora trajava uma roupa que lembrava os jóqueis e Sr. Santos um roupão flanelado azul . – Vamos entrar? Falou tirando-a de seu hipnotismo.
_ Oh...Sim ... Obrigada.
Era a primeira vez que Beth entrava no casarão, observava cada detalhe com admiração , sob o aparador da lareira uma foto chamara a atenção e um sorriso suspirado saiu de seus lábios entreabertos, sentiu o coração apertar, como se alguém tivesse pego com suas mãos e sufocado as batidas dele e depois soltado, a respiração descompassada revelava a inquietação da jovem.
- Está tudo bem com você? Perguntou Sr. Santos enquanto a observava.
- Eu ...não..., quero dizer; Nuca imaginei que isto fosse real. Falava com voz abafada com a emoção da descoberta, após limpar a garganta e beber a água oferecida por Santos continuou; - Não esperava que Ele fosse real, toda a vida... aí meu Deus! Agora tampava a boca com as próprias mãos, enquanto a voz de Kylle cortava o ambiente em cumprimento a visita e ao tio, o olhos espantados de Beth desvendavam cada centímetro do ser a sua frente, enquanto tudo voltava rapidamente em sua memória e seus sentimentos saltavam em lágrimas abundantes sem permissão dela mesma.
Kylle a principio ficara paralisado pela atitude da garota a três metros dele, mas aos poucos uma límpida imagem de uma tarde  deitados no gramado da praça da cidade onde trocava confidencias de sua vida com uma garota a mesma que tirara uma foto sua, a mesma que o xingava e brigava com ele por tudo, o beijo roubado da varanda, a bengala que lhe servia de sustento foi ao chão, Lola sorria, Sr. Santos se preocupava, ambos nada diziam , mas se olhavam intensamente, até que o silencio foi cortado por Beth que apreçada passou por ele dizendo um breve: - Preciso ir... me desculpe.
A porta se fechou em som surdo, era como se o tempo havia parado ou voltado, os jovens estavam confusos, Ele ainda permanecia parado como uma estaca plantada ali no mesmo lugar, olhando para perto da lareira como se uma imagem houvesse se fixado naquele lugar.
- Então, vai fazer o que? Perguntava Sr. Santos sentando sossegadamente na sua velha poltrona enquanto Lola o imitava satisfeita sendo percebida apenas pelo tio.
Sem responder a nada, Kylle se abaixou com dificuldade para pegar a bengala inglesa  saindo da casa, o mesmo barulho se fazia ouvir do lado de dentro, Lola olhava para o tio a procura de uma palavra, mas o tio apenas degustava o chá verde que o agradava pela manhã, uma sensação refrescante apoderava da sala e duas luzes se formavam a cada lado da garotinha de doze anos, a voz suave despertava a criança que agora deixava transparecer a face amada. – Mamãe, Papai... que saudades. As figuras se abraçavam, não se importando com a presença do vidente, irmão e amigo que continuava a observá-los.
A garotinha se levantou indo em direção ao tio, depositando-lhe um suave e delicado beijo na face e desprendendo um lindo sorriso.
- Então isso é um adeus?
- Acho que sim, tio Santos, obrigada por me ajudar... mas, eles irão ficar bem?
- A definição do bem, é relativo querida, você ainda é uma criança, mas um dia entenderá.
- Acho que serei sempre uma criança tio, não importa quanto tempo passara, ainda assim... Falava olhando para um espelho onde nem mesmo sua imagem era refletida. – Adeus tio.
- Boa passagem Lola.
A sensação havia desaparecido, Santos ficara em completo silencio que se casava com as paredes e ecos da casa, nada, lá fora os pássaros brincavam, o céu nublado anunciava um pequeno chuvisco , os finais de ano eram sempre movimentados pelo turismo, alguns ônibus paravam nas pousadas, a fonte restaurada ainda mantinha a luz meio acesa e seu chafariz alto fazia a vez das crianças que adoravam brincar no local, o cheiro do orvalho ainda estava presente, uma manhã quente e úmida anunciava mais um verão.
Beth, se sentara em um banco naquela praça, olhava para o chão, ainda incrédula , a voz rouca de Kylle cortou seu pensamento confuso, ele a havia chamado pelo nome, como antigamente era como se estivesse retornado ao seus sonhos, mas ambos não eram mais aqueles jovens com ilusões da vida, agora estavam mais maduros, e isso tornava tudo mais complicado, era como vestir um personagem de um tempo perdido.
- Eu te procurei, aqui neste mesmo lugar, eu não entendia, o que estava acontecendo, você desapareceu e só depois eu entendi, mas antes , imaginei estar enlouquecendo outra vez, tive varias sessoes com ...; não terminou de falar apenas respirou fundo e dessa vez o encarou e furiosa gritou: - ONDE ESTAVA? O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AGORA? - Não se importava mais com as pessoas que estavam por perto, ou o que pensariam , afinal existia realmente alguém ali.
Kylle se aproximou mais, a observou, seus olhos inchados , mas mesmo assim ela era muito bonita, percebeu que ela lhe lembra alguém, então respondeu: - Eu sempre estive aqui, havia acontecido alguma coisa, eu sabia, mas, por algum motivo, não me lembrava, mas tudo me veio agora , lembranças , tudo o que fizemos juntos, você... você existe... e eu. Nossa!- falava sentado ao lado de Beth. Novamente o silencio pairava entre os dois, bhete pensou que talvez não era hora de seguir adiante com as emoções surpreendendo-o com o que viera realmente esclarecer.
- Silvia é minha mãe. Diante do silêncio do rapaz ela continuou: - Eu fui a sua casa pra falar sobre ela, não imaginava que vê-lo mexeria tanto comigo, me assustei, como já disse você simplesmente não existia pra mim, era uma imaginação. Suspirou e continuou: - Eu sei de vocês dois, somos confidentes e minha mãe sempre confiou em mim, era só eu e ela todo esse tempo.
- Beth, eu nunca poderia imaginar, eu não sabia de nada, nada mesmo, até agora. Fez um gesto com as mãos, encostou o queixo na bengala a sua frente e parou por instantes de falar. A garoa se tornava uma grossa e insistente chuva, apesar do calor os pingos eram frios, mas parecia que eles nem a sentiam enquanto todos se protegiam eles permaneciam no mesmo lugar, com os pensamentos vagos.
Já passavam das 16:00 ,quando Beth chegou em casa encharcada e cabisbaixa,  aproveitou que a mãe se encontrava na cozinha e subiu rapidamente para o quarto, o mesmo ocorria com Kylle, também não queria falara com ninguém ,  foi até a escrivaninha desamassou um papel onde o esboço do rosto de uma mulher estava desenhado em grafite, permaneceu por longos minutos ali, parado, pensou em Silvia sentiu a reação que aquela belíssima mulher fazia em sua vida, a amava, ela era perfeita, mas não o aceitava por ser mais velha e tudo mais, mas e Beth? O que significava em sua vida, aquela conversa vaga, aquelas lembranças não eram físicas, mas estavam lá.
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A temporada de férias estava terminando, as comemorações foram conturbadoras, quando Dolores convidou-as para o almoço de Natal e ano Novo em sua casa, a chegada de David havia aliviado a tensão, mas ficar naquela mesa farta e naquela casa  era sufocante para ela.
Silvia estava muito feliz, vezes outra observava a filha e o amigo que ficava muito  vontade em todo os lugares, pois era de sua natureza, as aventuras dos dois jovens durante o período da faculdade era motivo de risos, kylle se divertia e participava de tudo, até a exposição das fotos de ambos eram mostradas.
Beth viu quando Kylle se aproximou de Silvia, sem que outros percebessem trocaram um profundo olhar, era um olhar ansioso e claramente trazia uma cumplicidade.
Após os cumprimentos ela Beth se despediu e saiu junto do amigo David que estava a par do ocorrido, este talvez para animá-la falava sobre o assunto a fazendo rir, achara lindíssimo e até arriscaria um flerte se acaso elas saíssem de cena.
Passara das duas da manhã, quando Silvia chegou em casa, o silencio anunciava que ambos dormiam, subiu até o quarto da filha e avistou ela e o amigo dormindo de conchinha, uma garrafa de vinho semi acabada no chão e duas taças, sorriu e lembrou-se de seu tempo de faculdade.
A semana passara rapidamente, finalmente Beth tinha que retornar, Dolores se despedia entre lágrimas abraçada a jovem, esta com promessas de retorno, David elogiara o lugar,  assim partiram em um carro alugado da capital, enfim era hora de tudo retornar ao normal, não tocara no assunto com a mãe, não conversara mais com Kylle desde aquele fatídico dia que se encontraram, não se despediram, ela não via necessidade disso,  afinal ambos eram desconhecidos um do outro de uma coisa ambos sabiam, haviam se apaixonado mesmo daquela forma, mas nada seria como antes, agora não se tratava de um surto psicótico era vida real.
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- Ano Novo e vida nova! Falava Santos ao sobrinho. – Mas sinto muito não querer ficar ao meu lado na empresa e ocupar o lugar de seu pai.
- Tio, minha ideia é expandir nossos negócios, esse país não é tão novo pra mim, procurarei por novos investimentos, confie em mim, vai dar tudo certo.
- Dra. Silvia te instruiu muito bem.
- Sr. Santos, sei onde quer chegar.
- É! Eu sei onde quero chegar, mas e você, filho.
- Tive todo tempo do mundo para ela, e tive que ser sincero com a gente, decidimos ser apenas amigos, não falei sobre Beth, nem mesmo eu saberia contar essa história, seria uma loucura sem explicação, acredito que até mesmo ela tenha pensado nisso, então fiz de conta que tudo era o que era um sonho de uma pessoa em coma, sedado, com o cérebro superexcitado por drogas, embora eu saiba que de uma certa forma, foi real.
- Está certo, foi o melhor a fazer, bom isso é tudo.
- Não quer ficar mesmo essa noite Tio?
- Não, não... estou velho mas aguento um retorno e depois sua avó ficou inconsolável, é melhor voltar.
-Ok, obrigado por tudo.
- Não há de que. Respondia Santos, abraçando o sobrinho com a velha batida nas costas e continuava: - Estou ansioso pelos resultados, se acaso mudar de ideia!?
Kylie recomeçaria sua vida e escolheu  Tucson no Arizona, devido ao ramo que a empresa de seu pai e seu tio trabalhavam, tentaria  montar uma distribuidora na cidade, o apartamento era modesto, mas aconchegante, aos poucos fora se instalando adequadamente, até fizera algumas amizades no prédio e fora dele, nas manhãs gostava de correr pelo parque e durante a tarde trabalha sem parar em um prédio comercial onde montara seu escritório, devido a seu dificultoso inglês se matriculara em um curso rápido próximo a Faculdade de Pesquisa de Tucson, lá também conhecera muitas pessoas afluentes o que no momento era necessário para um bom desenvolvimento empresarial, após um ano via o resultado de seu sacrifício, mas ainda tinha muito o que aprender, participava de congressos com congressistas de grande nomes.
Após cinco anos o jovem empresário tinha uma pequena companhia de distribuição de equipamentos hospitalares fabricadas em países diversos, a foto do pequeno escritório com a antiga escrivaninha colocado em uma parede em seu novo escritório, lembrando de como havia sido difícil chegar ali, no entanto sua vida ainda era uma misteriosa solidão, havia conhecido outras mulheres e até se relacionado com elas intimamente, mas nunca pensara em algo sério, era belo e educado o que chamava muito a atenção.
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Beth se formara em jornalismo foi em vão que os pais impuseram a ela que fizesse uma formação em direito ou empreendedorismo, a escolha havia sido decisiva.
Após a glamorosa formatura, ficou um tempo morando com sua mãe, até receber uma proposta irrecusável de uma revista em Phoenix, as matérias fazia parte da redação e isso era interessante, mas não o suficiente para a jovem inteligente e de ótima referência, logo começou a fazer suas próprias críticas e obteve credito para escrever longas matérias de assuntos diversos, isso era ótimo pra ela que nunca gostara de aparecer em público.
Ela se tornara uma belíssima mulher, tivera poucos envolvimentos com pessoas de seu meio profissional e nesse meio tempo descobrira uma paixão a escalada, um esporte meio radical que combinava com seu gênio forte, hás vezes saia para beber com os amigos e principalmente seu melhor amigo David o qual mantivera contato durante esse tempo. Silvia sempre a visitava.
Mantinham a charmosa casa da alameda, está sempre florida chamava atenção de todos que lá passavam, o envolvimento no serviço fez com que Silvia esquecesse de Kylle, o que já era de se esperar, quando conversarão e tomaram a decisão de  serem apenas amigos, terminava ali algo que poderia se tornar uma história de amor conturbada, ainda era advogada das empresas pertencentes a família, mas com um escritório em ascensão foi natural a contratação de outros advogados e assim não participava mais das reuniões empresariais.
Neste ir e vir de viagens em férias em Istambul, conheceu um cavalheiro na casa de seus cinquenta anos, divorciado como ela, começaram um envolvimento maduro sem o compromisso do casamento, Silvia não fora feliz e fugia de tudo o que lhe pretendia prendê-la, aceitou relutante um anel de safira como símbolo de compromisso em um jantar na Itália, desde de seu primeiro encontro entre outros já haviam se passado três anos que estava com Albert seu novo companheiro, mas não moravam juntos, ambos preservavam a privacidade.
Dolores continuava a visitar a amiga, mas não era mais a empregada da casa, passara o seu legado a Jussara uma mulher na faixa dos quarenta anos, que não ficava atrás das delicias que Dolores fazia, está por sua vez aceitou o conselho do neto e montou uma doceria na capital o qual rendia bastante e era muito requisitada pelos clientes.
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A esperada recompensa sempre chega de uma forma ou de outra, era um sábado e Dolores aprontava seus doces para levar a vitrine, quando avistou uma belíssima jovem trajando um modelo o esportivo, Dolores jurava ter visto aquele rosto delicado e aquele sorriso mas não lembrava onde, foi então que a jovem se aproximou da velha senhora e a abordou: - Dolores que saudades, sou eu Beth.
- Beth, minha menina. Grita a velha aos pulmões enquanto a abraçava quase sufocando-a. Meu Deus a quanto tempo, mas como me achou?
- Fiquei sabendo de um lugar onde se vendiam maravilhosos doces, então... aqui estou.
- Nossa! Como você está diferente, esse tom de cabelo, ficou bem em você, está mais loura, são os novos ares ou um grande amor?
- Novos ares? talvez, mas amores... estou definitivamente descartando no momento.
- Venha menina, sente-se aqui, vamos lanchar juntas, enquanto eu falo.
A velha Dolores se encantava com as histórias contadas pela jovem, Beth passou a tarde com aquela que sempre esteve presente em seus dias difíceis de adolescência ou que a ancorava em seus momentos de solidão quando a mãe se ausentava, ao anoitecer alugou um carro e foi para a cidadezinha pacata, levando muitos doces entregues pela inesquecível amiga, que agora residia na capital, visto que ficaria sozinha no casarão com a partida do neto.
Passava das onze horas da noite quando Beth chegou na casa da mãe, esta estava viajando a negócios e se encontraria com Albert depois, a casa estava silenciosa, mas limpa, pegou um vinho abriu e começou a degusta-lo, se banhou e foi para a cama, tudo estava muito acolhedor, agora aquela cidade que pra ela não era grande coisa, se tornara um marco para seu descaço das correria e o rumo tomado.
O velho quarto parecia pequeno para seu mundo, a foto ainda permanecia na escrivaninha, Kylle chegara ao entardecer, pegara alguns dias de folga, tinha que resolver a venda do casarão da família, já que não pensava em retornar pra cidade de seus pais, havia feito a vida em outro lugar.
O celular tocara insistente, ele correu pra atender, era a sua vó, com suas preocupações rotineiras, conversaram bastante e esta não deixara de mencionar sobre o reencontro com Beth, assim ficou sabendo que ela se encontrava na cidade, tomaria cuidado para não incomodá-la, mesmo que a avó insistisse para que ele a convidasse pra sair, mas ela não sabia o ocorrido com Silvia, isso seria demais.
As trilhas abririam naquele final de semana, seria ótimo colocar o corpo em forma, não que ele não tivesse, abandonara a bengala após muitas sessões de fisioterapia intensa, acostumado a caminhadas na cidade que agora morava, nunca fizera uma trilha por lá, então seria sua primeira vez, desde os tempos da infância.
A paisagem do lugar, misturada com a simplicidade do povo era ideal para fotos e ilustrações, Beth aproveitava cada expressão ,cada movimento natural dos moradores, a banca de revistas, a padaria com seu maravilhoso croissant,  o carrinho de pipoca e o pipoqueiro, a casinha do sorvete, a igreja, o velho casarão, a fonte entre tantos outros lugares que presenteavam a todos que lá visitavam, sentia que devia muito aquele lugar acolhedor e cheinho de mistério, pelo menos para ela, ofereceria a cidadezinha duas páginas apresentando-a ao mundo, com certeza a trilha nas montanhas chamaria muita atenção, esse seria o marco para o começo de sua reportagem.
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Kylle manobrava a velha caminhoneta do tio, onde um senhor responsável pelo estacionamento do local acenava, o belo jovem desceu pegando o necessário para sua caminhada, revia todos os equipamentos antes de se juntar ao grupo.
O barulho das cachoeiras e a forte correnteza ficava deslumbrante através das lentes da jovem jornalista de Phoenix, Beth, havia chego antes do nascer do sol, queria pegar uma imagem peculiar e inspiradora, a câmera sobre o tripé e os cliques fantásticos a deixavam satisfeita.
Kylle caminhava até a choupana se juntando com o grupo, sentara ali um pouco distante de onde a jovem se encontrava, ele chegou a observá-la, mas ela estava diferente, a mesma se serviu de um guaraná gelado e se despediu simpaticamente do atendente e seguiu em direção a saída, Kylle se levantou e foi na direção onde a jovem arrumava os equipamentos a abordando educadamente:
- Com licença senhorita?
- Sim. Respondia Beth ainda de costas para o rapaz terminando de fechar a bolsa, mas quando esta se virou como naquele dia a cinco anos atrás ambos se paralisaram e em uníssono disseram:
- Você???
- Esse mundo é mesmo pequeno. Falava Kylle surpreso.
- Não, esta cidade é pequena. Respondia Beth, mais centrada.
- Você, estava de saída?
- É, e você vai subir a trilha?
-É..vou, você está na casa da alameda?
- Sim, estou, no mesmo lugar.
- Posso te ligar?
- fique à vontade.
Um pequeno silencio pairava no ar, ambos suavam e ao mesmo tempo não tinham palavras pra tudo aquilo que acontecia naquele momento, foi Beth quem quebrara o silencio desta vez: - Então..., boa trilha. Falava pondo a mochila nas costa e estendendo as mão para se despedir.
- Obrigado. Correspondia o jovem ao aperto de mão, então eu te ligo.
- Está certo.
Foi apenas o que ela conseguia falar naquele momento, antes de se retirar rapidamente, Kylle via a jovem desaparecer entre as arvores, ele deveria segui-la? Pensou por uns instantes e resolveu ser um cavalheiro, deixando-a partir por hora, mais tarde ligaria e a convidaria para saírem.
Beth entrou no carro, seu coração parecia sair pela boca, encostou a cabeça na direção, deu partida e saiu, não acreditava no que acabara de acontecer.
As vinte horas o telefone tocava, fazendo Beth pular do sofá preguiçoso da sala, respirou fundo e antes de falar.
- Alô?
- Oi, você disse que eu poderia ligar, então.
- Claro, como foi a trilha?
- Alguns arranhões nas mãos e joelhos, mas me sai bem para um principiante. Um riso foi percebido do outro lado da linha.
- Você vai sobreviver, acredite.
- Você fala com certeza, então vou acreditar que sim. Você está ocupada agora?
- Não, estava apenas lendo um livro.
- Não quer me acompanhar em um sorvete?
- tudo bem.
- Sério? Então te pego daqui a 20 minutos.
- Não, Kylle, eu prefiro encontra-lo.
- Está bem, na praça?
- Na praça.
Beth vestiu uma calça e trocou a camiseta, colocando uma regata confortável e tênis saindo em seguida, levou sua câmera, teve a ideia de fotografar a fonte no anoitecer, enquanto se aproximava da praça avistou um jovem rapaz, trajando uma calça social e uma blusa polo , se encontrava parado frente a  fonte que iluminava sua silhueta dando um charme a imagem, irresistivelmente  o fotografou no momento em que este se virava pra ela com um belíssimo sorriso ,  um momento através das lentes daquela câmera  então tudo parava, estava preso naquela imagem.
- O destino pode ser assim? Perguntava Kylle se aproximando
- Brincalhão? Respondia Beth com outra pergunta, baixando a câmera.
- Misterioso e belo. Falou dirigindo as palavras a jovem que agora se encontrava poucos centímetros a sua frente.
- Nós agora existimos? Nesse exato momento? Falou Beth
Kylle delicadamente levou sua mão ao rosto da jovem e falou: - Só queria saber se você realmente está aqui.
A proximidade de ambos terminava em um longo abraço e um inevitável beijo, aquele que fora roubado e agora totalmente doado, palpável e real.

                    



                                                            FIM














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